Fico contente apreciando a premiação da Fernanda Torres, artista brasileira, representando uma real história nacional. Fico, também, considerando a qualidade da encenação, quantas vezes necessárias, repetidas as cenas. Texto, vestuário, ambiente, expressões corporais e faciais, improvisações...
Parece um professor.
A diferença é que um professor interpreta peças, às vezes de três horas, em geral mais de duas, na mesma semana, para um público cativo com quem interage permanentemente. E que, frequentemente, tem que responder à questões que nada têm a ver com o script da aula.
No primeiro dia de aulas que durarão pelo menos quatro meses. Duas vezes por ano. No primeiro dia de aulas, no qual o professor apresenta a matéria a ser tratada, parte teórica e parte prática, bibliografia atual, metodologias de ensino e de avaliação de aprendizado; fica imaginando como será a turma. Esta não é a simples junção de cada aluno. Poderá ser colaborativa, interagente, reativa, simpática, agitada, preconceituosa, concorrencial etc. Imagina qual será a percepção que a turma assumirá da sua pessoa. Sabe a matéria? Veste-se comedidamente? É rigoroso? Dá muita matéria? É tolerante? Prepotente?
Qual será a opinião que cada aluno adquiri do contexto, no qual você deverá motiva-lo a estudar a matéria, a inseri-la no conjunto da formação escolhida, a adquirir comportamento íntegro, a ser crítico e social?
E isto tem que ser feito presencialmente, pois à distância, ao menos por enquanto, não há como à atender a todos os requisitos citados.
O professor tem que ter presença de palco, impostação de voz. Domínio do ambiente e capacidade de improvisar atendendo à questões sobre outros assuntos, enquanto usa o tempo disponível, nem mais, nem menos, cumprindo o plano de aula e as matérias de cada dia.
E as avaliações? Medidas, originais, estimulantes, coerentes com a matéria dada. Questionário padrão para os alunos que o avaliarão ao final do período.
É! E ainda tem gente que diz: "quem sabe faz, quem não sabe ensina". Estes não tiveram a felicidade de encontrarem professores.
Professor Aposentado, Aloísio Lima, da CT/UFPB.