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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Desde os Tempos de Almagre (Praia do Poço)


 

Acabo de receber um presente valioso do meu amigo fraterno de longas datas, José Juvênciode Almeida Filho, com a colaboração como consultor de outro grande amigo de juventude, nascida na querida praia no Poço. Antônio (Toinho) Smith. Li o livro de uma "tacada só" como se diz lá nos Patos. Muito interessante os relatores do autor e do consultor sobre a história da Igreja do Almagre de Capela do Poço.


Dois fatos me chamaram atenção: 1) Em 1959 papai e mamãe resolveram nos trazer para conhecer comprar a praia do Poço. Num primeiro momento foi choque divino de todos pelas belezas da praia e pelo acolhimento das pessoas que tivemos os primeiro contatos. Resultado no ano seguinte eles compram uma casa para a gente passar a veranear. Foi uma decisão mais sábias do casal. Mas, o que tem a ver com o livro dos amigos. Na página 12 do livro citam: "Há registros de que essa propriedade foi comprada em 1857, pelo Padre Leonardo Antunes Meira Henriques, passando a ser povoado de pescadores, muito frequentado pelos veranistas". Então, minha tem como origem familiar MEIRA. 2) Juvêncio relata na página 17 que "Em bandos alegres e barulhentas, os jovens, munidos de facas, canivetes e às ate de formões e escopos, tinham objetivo maior, deixarem gravados, nas pedras seculares, os seus nomes e os nomes das namoradas, complementados por dois corações entrelaçados e atravessados pela infalível flexa de Cupido". Eu e outros
amigos e amigas, não vou delatar eles, eram esses jovens que saímos em bando para a Fazenda do Sr. Alvaró Jorge, onde está localizada as ruínas de Almagre. É bem verdade que não sabíamos do prejuízo de causaríamos, usando a ponta do canivete, rasgando as rochas de calcário, ao esculpir as letras iniciais dos nossos nomes. Vale ressaltar agora se pecamos pela nossa falta de informação sobre os danos causados a tão importante obra, pior é descaso das autoridades em não preservar sua história.

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Minha experiência sobre o Covid19 em João Pessoa

Em postagem anterior (11 de agosto) neste blog, descrevi sobre “Nossa experiência sobre o Covid19 nos Estados Unidos”, vivenciada em de março de 2020, nas cidades de New York e Boston.

 

Neste artigo narro outra experiência, com esse terrível mal “chinês”, o Covid19, desta vez, em João Pessoa, entre os dias 20 e 27 de julho de 2020. 

 

Temos um apartamento desocupado há alguns anos, localizado no entorno da Praça Sílvio Porto, no bairro de Manaíra. Para mantê-lo conservado, realizamos a cada 15 dias uma faxina, além de promovermos pequenos consertos. Para tanto, utilizamos os serviços de um casal de nossa inteira confiança que trabalha conosco há cerca de 30 anos.

 

No dia 20 de julho do corrente ano, foi o dia, como de costume, de mais uma jornada de serviços. O casal chegou, ao apartamento, logo no início da manhã, enquanto eu, de máscara, cheguei por volta das 10hs. Ao penetrar, no apartamento, me deparo com um silêncio esquisito. Chamo por eles. Ninguém responde! Aquilo me chamou atenção. Vou à área de serviço e lá estava o casal, muito cansado, sem máscaras e ainda não tinham começado os trabalhos. 

 

Como Ângela, minha esposa é médica e convivo com irmãos médicos, de tanto assistir conversas sobre medicina, como todo bom sertanejo tenho certa “visão clínica”. Verifico, então, que o estado geral deles, apresentava alguns sinais e sintomas do Covid19, ou seja, cansados, dores no corpo, febris e com dificuldades de respiração. Com medo, comecei a suar frio. De imediato recomendei que fossem ao Hospital da Unimed, no que fui atendido. Voltei para casa e, apreensivo, fiquei no aguardo de notícias.

 

À noite, por volta das 19hs, eles telefonaram para Ângela e contaram que receberam o diagnostico de Covid19 e que estavam internados. Ângela, então, fez alguns contatos com colegas, para tomar conhecimento do estado clínico deles. Ao desligar o celular, com ares de preocupação, ela me dá a notícia. Tento manter a calma e mal consigo disfarçar minha angustia, temeroso com a possível contaminação, com o maldito vírus, de toda a família. Um horror!

 

Naturalmente, Ângela e outros colegas, sem perda de tempo, prescreveram, preventivamente, um coquetel de remédios, liderados pelos fármacos Ivermectina e Azitromicina. Êxito total.

 

Quanto ao casal, após sete dias de internamento receberam alta hospitalar e continuaram os tratamentos em casa. Hoje, já recuperados voltaram as suas atividades normais.

 

Mais uma vez, Deus protegeu nossa família e aos nossos queridos auxiliares. Vai aqui, também, nosso agradecimento aos que fazem ao Hospital Alberto Urquiza Wanderley (UNIMED), pelo excelente serviço prestado.

sábado, 29 de agosto de 2020

Gordos x Magros

 

Em Patos, há muitos anos atrás, na semana pré-carnavalesca era realizado um jogo de futebol entre os amigos gordos e magros. Papai que hoje  (29) é o dia de seu nascimento, era um dos líderes do time dos gordos. 

Na foto do time, consegui identificar os seguintes amigos de Papai: Cícero Sulpino, Elpídio Portela, Jaime Leite, Acilon Almeida, José Clementino, Negro João, Otacílio Monteiro, Edson Morais,, Raimundo Gomes, Rua Gouveia, Bá Araújo, Zizi, Antonio Rafael, Chico Soares .... Boas lembranças e saudades!

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Nossa experiência com o Covid19 nos Estados Unidos

Como de costume, há algumas décadas, na segunda quinzena do mês de janeiro, começamos planejar aonde vamos passar o aniversário (11 de março), da nossa querida filha – Raquel. Essa é uma das nossas formas em revigorar os laços familiares. Apesar de já conhecer, a aniversariante, escolheu New York, além de uma esticada até Boston, onde revisitaríamos, principalmente, a Harvard University.

 

Como já era costume, sempre antes de viajarmos, para o exterior, tomamos um remédio para vermes, que por feliz coincidência, a Ivermectina. Jamais imaginamos que tal atitude, preventiva, um dia, seria tão benéfica, principalmente, frente ao que estava para acontecer e que ninguém no mundo, imaginava possível, especialmente, naquele momento que tudo parecia tão normal e calmo.

 

Logo no início de janeiro de 2020, a imprensa brasileira, noticiou, que em dezembro do ano recém-findado, em Wuhan, cidade localizada na China Central, estava surgindo um novo coronavírus, causador de uma gripe, acompanhada de uma séria complicação pulmonar e com alta incidência de óbito, em especial, nos chamados grupos de riscos, como, idosos, diabéticos, obesos etc.

 

Nós e nem ninguém não demos a menor importância, pois, jamais imaginava que àquela doença, a COVID19, se transformasse numa pandemia, que viria a marcar a história da humanidade, em antes e depois dela.

 

Como a China fica distante e, não havia evidências, até então, que tal patologia iria chegar ao Brasil e muito menos, ao todo poderoso EUA, em primeiro de março viajamos rumo a mais uma gostosa aventura, em família.

 

Coincidentemente, naquela data, ocorreu o primeiro óbito no Brasil, vítima do Covid19. Vale ressaltar, que desde o mês de janeiro a OMS anunciava a possível pandemia tendo como origem o vírus chinês.

 

Embora o Presidente da República, já no início de fevereiro, tenha sancionado uma lei com medidas preventivas e emergenciais para prevenir uma possível pandemia, haja vista a realização dos festejos de momo, alguns governadores e prefeitos, interessados no evento carnavalesco, que atrai milhares de turistas nacionais e estrangeiros, não deram a importância que o fato requeria. Resultado, o desastre não se faz mais necessário comentar. Samba e frevo são mais importantes do que vidas !

 

Eu, Ângela e Raquel e apenas, mais quatro passageiros, usávamos mascaras, como recomendado pelas autoridades sanitárias, ao tomarmos o avião no aeroporto Castro Pinto, em João Pessoa, com destino a São Paulo. Viramos motivos de comentários pelos demais passageiros e tripulantes. Praticamente, ocorreu o mesmo fato no percurso São Paulo / New York. Aeronave lotada e menos 30% dos  passageiros com máscaras, enquanto, a tripulação ignorava tal recomendação.

 

Em New York, no Sheraton Hotel, poucos hóspedes usavam máscaras e luvas descartáveis. Não existia álcool gel à disposição dos hóspedes e funcionários, bem como, nenhuma recomendação da gerência do hotel sobre o Covid19.

 

Nós e os outros “fantasiados” éramos constantemente observados como alienígenas! Ironia do destino. Brasileiros mascarados, americanos nem aí. Vale ressaltar que as emissoras de televisão, principalmente a CNN noticiavam constantemente sobre a pandemia e destacavam a presença, nos EUA, do Presidente Bolsonaro e comitiva e a possibilidade dessas autoridades serem portadoras do Covid19.

 

Optamos por realizar passeios turísticos a locais abertos e com pouca aglomeração, como ao Central Park; Wall Strett e Touro de Bronze; Rockefeller Center etc., e mais algumas cidades no entorno de New York, como, New Jersey, Newport e Station Island.

 

Cinco dias após nossa chegada, foram fechados os museus, teatros e cinemas da

Broadway. Os restaurantes, bares e os famosos quiosques que servem o tradicional

cachorro quente da cidade continuaram abertos normalmente, assim como as lojas

departamentais, de souvenir e demais estabelecimentos comerciais.

 

No dia do aniversário de Raquel viajamos para Boston. Alugamos um Urbe que para nossa surpresa, tinha a disposição álcool gel, mascaras e luvas. A viagem foi tranquila e proveitosa, especialmente pela linda paisagem oferecida pela mãe natureza.

 

Em Boston, ficamos hospedados no Hyatt Hotel; que diferente, do hotel de New York, oferecia materiais preventivos, embora, só alguns hospedes e funcionários fizessem uso. 


Na cidade, começamos a sentir o ambiente diferente. Pouca gente nas ruas e sem proteção, alguns estabelecimentos comerciais, teatros, cinemas etc., fechados e circulação de barcos (taxi) limitados. Enfim, uma preparação para o famigerado lockdown.

 

Certa manhã, com os termómetros apontando para 2 º graus, ao descermos, para tomar o café, bem agasalhados devido ao frio, notamos pouca gente no restaurante. Mais ou menos, trinta profissionais da companhia Emirates Airlane. Todos, devidamente “paramentados”. Quando saímos do restaurante a gerente do hotel, muito educada, nos perguntou se estávamos doentes e, caso positivo, o hotel nos disponibilizaria médicos. Evidentemente, afirmamos que não e, saímos para passear bastante preocupados.

 

De volta ao hotel vimos que o serviço de quarto não tinha sido realizado. Ligamos para recepção e fomos informados que a partir daquele dia, estavam suspensos tais serviços por questões sanitárias e recomendação do governo americano. Mais ainda, o café da manhã, também só seria servido no quarto. Informaram, ainda, que deixariam, à porta do apartamento, lençóis, toalhas e material de higiene, além de sacos plásticos, pretos, que deveriam ser lacrados e deixados à porta, após colocarmos os utensílios usados, para que fossem recolhidos. Haja estresse!

 

Retornamos a New York e lá permanecemos por dois dias, até o nosso regresso para o Brasil, no dia 17 de março chegando no Brasil no dia 18. Há essas alturas, os mesmos procedimentos adotados, em Boston já estavam valendo, em New York. A vontade era mesmo de voltar, inclusive pela pressão dos familiares e amigos. Passamos mais tempo no hotel, do que passeando, grudados nos canais de televisão, que só se referiam ao COVID19.

 


Chega o dia da volta e com o objetivo de evitar a aglomeração da classe econômica, entramos em entendimento com o pessoal da LATAM e conseguimos embarcar na classe executiva. No entanto, um dos passageiros da nossa classe passou um bom tempo tossindo e deixando os demais passageiros preocupados. Mas, o brasileiro sempre dar um jeitinho.


Alguém, não se sabe quem, se um passageiro ou membro da tripulação, deu um calmante, e logo depois, ele dormiu, só acordando para tomar o café da manhã, já sem tossir. Por fim, chegamos ao Brasil. Um alívio! Viva a vida! Saúde!













segunda-feira, 27 de julho de 2020

Anotações do excelente livro do amigo Wills Leal, “Cinema na Paraíba / Cinema da Paraíba”.

A partir de hoje irei descrever algumas anotações do excelente livro do amigo Wills Leal, “Cinema na Paraíba / Cinema da Paraíba”. 

1) No capítulo Rio Branco e suas varias fases ou um cinema de portas abertas, o autor diz: “... em 1915 nesse primitivo cinema, a grande atração, além dos filmes, eram os músicos, dos quais o mais famoso foi o pianista Fernando Trigueiro, Olegário de Luna Freire, no violino e, na flauta, Alípio Vieira, além do cego Crispim”. 

Fernando Trigueiro era meu tio, irmão de papai. Papai homenageou seu irmão dando o nome de um dos seus filhos, Fernando atual tabelião de registro de imóveis e notarial, na cidade de Patos.

2) Segundo Wills o “Santa Roza” por muito tempo foi uma sala de cinema. Em 04 de fevereiro de 1933, foi exibido naquele local o histórico filme musical brasileiro “Coisas Nossas”. O autor descreve o sucesso do filme: “Suas músicas tiveram diretas influências nos bailes carnavalescos dos Clubes Astréia e Cabo Branco durante muitos anos. 

Outra atração segundo Wills no “Santa Roza” era a presença à frente da banda musical de um dos maiores músicos país, Lourenço Barbosa da Fonseca, nacionalmente conhecido como Capiba" (Patrono da Cadeira 07 da APC, atualmente ocupada por Moacir Barbosa).
3) Hoje vou descrever alguns registros narrados por Wills sobre o Cinema Rex, inaugurado em 9 de agosto de 1935. “O Rex tornou-se o ambiente bem da cidade, o lugar de encontro da sociedade: era cassino, teatro, quase um clube, como uma continuação do Esporte Clube Cabo Branco, funcionando em sua frente. O Rex, nos anos 30, era um dos edifícios mais importantes da cidade, com suas formas revolucionárias, ao lado dos prédios do Lyceu, Secretaria das Fazendas e Rádio Tabajara, hoje desaparecida”. 

Wills destaca um evento importante ocorrido no Rex: “Fato marcante ocorreu no dia 6 de junho de 1944, quando foi suspensa a exibição do aclamado ‘Vendaval da Paixão’, de Cecil B. De Mille, para se anunciar, sob os aplausos de todos os presentes, que tinha sido iniciada a retomada da França pelas forças aliadas”. O autor também destaca “Um dos maiores momentos vividos no Rex, foi a exibição de ‘... E o vento levou’, o grande clássico cinematográfico, em outubro de 1944, em pleno conturbado cenário da Segunda Guerra Mundial”.
Cine Rex

4) No Capítulo O Romantismo do Cine Filipéia ou as Memoráveis Matinês, Wills Leal descreve que o "Cine Filipéia iniciou suas atividades em 1926, instalado por trás do Palácio do Governo, esquina da General Osório com a B. Rohan".

Segundo o autor, nesse cinema ocorreram duas grandes confusões, quais sejam: “a primeira, no dia 26 de julho de 1930, quando a plateia revoltada quebrou tudo, ao tomar conhecimento da morte de João Pessoa; a outra, em fins de 33, quando uma briga entre dois bêbados obrigou até mesmo a pianista Sinhá Gomes a sair por uma das sua janelas”. 








Cine Plaza

5) Cine Theatro Plaza. Wills nesse capítulo dá detalhes sobre a funcionalidade desse famoso cinema na época. Segundo o autor “O Cine Theatro Plaza, inaugurado em 11 de setembro de 1937, em pleno Ponto de cem Réis (Praça Vidal de Negreiros, 29), era o maior da cidade e talvez o melhor de todos. O filme de estréia foi “Rosie Marie’, com Jeanette Mac Donald, o rouxinol que se humanizou; Nelson Eddy, o maior barítono do mundo, e Allan Jones, o inesquecível; tenor de magnólia”. Wills lembra algumas exibições que marcaram na história do Plaza, por exemplo, a do “Ébrio levou tanta gente para a calçada que a polícia teve de intervir violentamente. O filme francês Veneno Violento, apresentado com Inimigo Secreto, só para homens, às 10 horas da noite, causou polêmica, entre outros”.

“Na sua exigência, o Plaza foi palco de dolorosas tragédias: A primeira registrou-se na implantação do ar condicionado, ocasião em que um operário morreu de um choque; outra, foi o suicídio, num dos banheiros, de Eduardo Pinto Lemos Filho e, por fim, o suicídio de um popular, quando na tela se exibia Grizli, a Fera Assassina”.

6) “Ah! O Cine São Pedro! Que mundo de recordações ele me traz! Permita-me algo de sua história, que se confunde com a minha própria história. Ele nasceu de minha sensibilidade paternal e, posso dizer, por meio dele criei minha família, formei meus filhos, casei minhas filhas. Devo-lhe, portanto, conforto e as alegrias mais justas que um pai pode usufruir: a certeza de haver cumprido meu dever para com os filhos! O São Pedro foi assim o chaveiro de minha felicidade”. Pedro Honorato, proprietário do Cine São Pedro em depoimento dirigido a Linduarte Noronha, segundo descrição de Wills Leal. 

O Cine São Pedro foi fundado nos anos 30. Oficialmente, foi inaugurado em 1941, em sua versão definitiva. Ficava localizado na Rua São Miguel, na cidade baixa.

Seu Severino do Cinema
7) Seu Severino do Cinema (Patrono da Cadeira 05 da Academia Paraibana de Cinema). Segundo Wills Leal o “Sr. Severino Alexandre dos Santos foi um educador de muitas gerações com filmes e seriados na vizinha cidade de Santa Rita, através de exibições no seu primeiro cinema ‘São Braz’. Seu Severino do Cinema era um dublê de arquiteto-construtor e exibidor cinematográfico”. O autor chama atenção para o espirito de empreendedor do Seu Severino quando afirma que chegou a “possuir outros cinemas, tais como, o ‘Santa Cruz’ na década de 40; o ‘Cinerama’ e o ‘São João’. O êxito dos empreendimentos de seu Severino deve ser creditado, em boa parte, ao trabalho dos seus familiares, diz Wills Leal. “Sua família ajudava em todos os serviços do cinema: limpeza, feitura e exibição dos cartazes, projeção e sonorização dos filhos, trocas dos rolos de fitas, etc.”.

“Durante mais de meio século, ‘Severino do Cinema’ viveu o dia-a-dia cinematográfico da cidade de Santa Rita, criando parcerias com outros exibidores do interior, a exemplo de Mari e Bayeux. Sempre com o apoio decisivo da família, sobretudo, do filho mais velho, o acadêmico  Alex Santos" – ocupante da Cadeira 05, substituindo seu pai, que depois se tornaria jornalista e cineasta”.


8) Cinemas em Campina Grande. “O primeiro cinema instalado nesta cidade foi o ‘Cine Brasil’ localizado no famoso educandário Colégio Alfredo Dantas. Infelizmente sua duração foi muito curta”. Segundo o autor, os principais cinemas em Campina Grande, nas décadas de 30 a 40 foram: “Cinema Campinense, o Cinema popular, o Apolo e o Fox”

“A cidade só contou com moderno cinema em 1934, quando a 20 de novembro, foi inaugurado o cine ‘Capitólio’. Em julho de 1972, o cinema ‘Capitólio’ foi palco de uma cena inédita na história da Paraíba. Por causa de uma cadeira, um estudante de 17 anos, matou com uma facada no coração, um comerciante de 52 anos. O filme que estava sendo exibido era a reprise de ‘Bem Hur’ de William Wayle”. 

“Outro bom cinema na cidade foi o ‘Cine Babilônia’, inaugurado em 06 de julho de 1939. Era o preferido pela sociedade local. Foi palco de grande exibições de filmes consagrados”. Outros cinemas, segundo Wills, foram: Cine avenida, Cine São José, Cine Brasil, Cine Liberdade e o Cine Real, instalados em bairros da cidade”.

9) Sindô Trigueiro, meu avô paterno, segundo Wills afirma que em 1921, “o senhor Sindô foi o pioneiro em exibições de filmes na capital do Brejo, na cidade de Guarabira.  Com o falecimento de Sindô, o equipamento é comprado por José Freire de Luna. Um amante do cinema que, tempos depois ficou conhecido por ‘Zezinho de Gila’ se torna personagem famosa na cidade”. Logo, o gosto por cinema da Família Trigueiro vêm de várias décadas.

Wills escreve que “Em 1935, coloca em funcionamento o cinema falado na cidade. O cinema se chamava Guarany, bem próximo à Matriz de N. S. Da Luz, onde hoje funciona um teatro”. 







10) O Cinema chega a Patos e outras cidades do interior. “Foi em Patos, desde meados do século XX, então a mais importante cidade do interior paraibano (depois de Campina Grande), onde o cinema teve maior desenvolvimento, ao longo de quase 70 anos:. 

Segundo o autor, “pelo menos cinco cinemas foram instalados, incluindo agora as recentes instalações das modernas salas no Guedes Shopping Center”. Historiando fatos, Wills Leal, lembra que “o pioneiro foi o José Florentino Sênior, a instalar o cinema na Morada do Sol. Além dele, Wills cita outros pioneiros: “Dr. Luiz Aires Bezerra e o farmacêutico Alcebíades Parente, auxiliado do primeiro Virgílio Dantas e o irmão Cicero Parente”. “Mais tarde um general reformado do Exército, Gregório de Paiva Meira (irmão de minha avô), homem de vivência no sul do país, mas natural da cidade, organiza o ‘Cine Farol’, na principal avenida de Patos”.

O cinema mais famoso e longa duração em patos foi o Cine Eldorado de propriedade dos senhores Agripino Cavalcanti, Patrono da Cadeira 48 da Academia Paraibana de Cinema (APC) (a qual com muita honra sou o ocupante atual) e Joaquim Araújo. Ficava instalado na Avenida Pedro Firmino.

“Outros cinemas foram instalados em diversos municípios do interior da Paraíba, destacando-se, segundo Wills Leal, os seguintes: “Cinema Moderno, Cine São José, Cine Apolo XI, Cine Pax e Cine Alvorada em Cajazeiras; em Sousa, José Gadelha construiu um moderno cinema chamado Cine Gadelha; em Mamanguape, o Cine Popular, depois chamado de Cine São Pedro; em Rio Tinto, um dos maiores parque fabris do Brasil, nos anos 40/50, tendo como frequentadores os trabalhadores da fábrica, que não pagavam ingresso. O cinema chamava-se Cine Orion; em Itabaiana, em 1911, o senhor Francisco Sotter de Figueiredo Castro montou o Cine Conceição”.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

COVID19 – Desabafo da Dra. Giovanna Trigueiro (*)

“Não sou de me exibir nem falar do meu dia-a-dia profissional. Exerço o meu trabalho com um senso de dever e por paixão, não como um instrumento de exibição de virtudes ou de autoelogio em redes sociais. 

Hoje, fiquei muito triste, com alguns acontecimentos e decidi desabafar. Logo quando começaram a aplaudir os profissionais de saúde no combate da pandemia, pensei cá comigo ‘quanta hipocrisia’! Digo isso não só porque estou na linha de frente de combate à pandemia, mas por trabalhar no Hospital Oswaldo Cruz em Recife há mais de 10 anos. Sempre fomos tratados com desprezo pelos gestores públicos, não somos valorizados e respeitados, somos mal-remunerados. Os hospitais públicos são sucateados e nunca existiram leitos de UTI disponíveis para quem precisava, principalmente para menos necessitados. Hoje fiquei ainda muito  triste por saber que já estão faltando EPIs no hospital (estavam utilizando capas de chuva!). Pra completar, num momento em que mais estamos física e psicologicamente abalados, leio vários relatos de preconceitos contra nossa classe em condomínios residenciais, tratando-nos como portadores responsáveis pela transmissão dessa praga terrível que se espalhou no nosso planeta – terra. Tudo isso me faz pensar na fragilidade mental da sociedade! Um povo que não sabe o que é passar dificuldade de verdade, que vive desconectada do mundo, só sabe o que acontece em sua própria bolha, quando sabe!.

Vejam a postura: fala em salvar vidas mas é autoritária, fala em solidariedade mas quer todo mundo longe.

Todos nós sentimos medo. É inerente ao ser humano quando é ameaçado. E o medo é também salutar na vida de todo ser humano. Mas o medo não pode lhe paralisar, muito menos lhe tornar um ‘não-humano’. Fico triste sim, porque vejo que valores como coragem, respeito, honra, verdade, ética, e esperança andam meio fora de moda.

Esse tipo de comportamento que vemos nestes condomínios é típico de gente que tá deixando de ser gente, por se deixar levar pelo clima de pavor implantado na sociedade por aquelas pessoas que sempre torcem pelo ‘quanto pior melhor’. Sinto-me a Gení, da música Gení e o Zepelim do outrora querido Chico Buarque. Muito triste !

(*) Minha querida sobrinha, médica, casada e mãe de duas lindas crianças.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

A origem do Bloco Sacarolha em Patos (PB)

A nossa casa sempre foi uma festa. Carnaval, São João, Festa de Padroeira da Cidade (Nossa Senhora da Guia), o Natal e o Ano Novo, assim como os aniversários do casal e dos filhos. Papai e Nonô gostavam tanto de receber, amigos, como de frequentar suas casas, quando convidados. Nos sábados iamos para a Sorveteria de Souto Maior. Eu e meus irmãos tomavamos guaraná com ovos cozidos. Já Papai, tomava cerveja, sempre acompanhado de vários amigos, entre outros: Dr. Francisco Soares; Dr. Dioníso Costa; os irmãos Bar e Dr. Walter Aires; Dr. Nabor Wanderley; Souto Maior, o proprietário; Dr. Walter Arcoverde; Dr. Neó Tratano; Otávio Xavier; Arnaldo Diniz; Aluízio Bocão; Sr. Severiano Maia; Dr. Pedro Aurélio Brito; Dr. Paulo Gayoso, Dr. Firmino Gayoso e Deputado José Gayoso; os genros Roldão Caroca casado com Neide, Beca Palmeira casado com Ilka, Petrônio Lucena casado com Sônia, e Limdmar Medeiros casado com Judith, também considerado genro. Mário e Alberto meus irmãos maiores também acompanhavam na cervejada.

Destes encontros, surgiu o Bloco Sacarolha, na década de 60. Foi o primeiro bloco de rua da cidade de Patos. Nos domingos e terças-feiras de Carnaval o bloco saía visitando as casas dos amigos, acompanhado de uma orquestra de frevo, cujo maestro era também amigo da turma e se chamava Edson Morais, excelente tocador de trombone de vara. Este bloco por muito tempo foi uma  referência para a criação de outros blocos carnavalescos e de escolas de samba na cidade. Surgiu também o Bloco dos Garotos, que era formado pelos filhos dos membros do Bloco Sacarolha. 

O bloco tinha cerca de 30 componentes e era acompanhado pelos músicos  que formavam a banda municipal, mas paga com recursos próprios. Nada de dinheiro público.

O Bloco Sacarolha saia nos domingos, segundas e terças-feiras do carnaval, a partir das 10h00 e encerrava as atividades do dia por volta das 17h00. Desfilava pelas principais ruas da cidade. Tinha uma programação para cada dia, ou seja, alguns foliões do bloco recebiam seus componentes em suas casas, onde era servida muita bebida, preferencialmente, cervejas geladas e tira-gostos diversos. Era uma verdadeira confraternização entre amigos.


Quantas saudades e lembranças!