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segunda-feira, 27 de julho de 2020

Anotações do excelente livro do amigo Wills Leal, “Cinema na Paraíba / Cinema da Paraíba”.

A partir de hoje irei descrever algumas anotações do excelente livro do amigo Wills Leal, “Cinema na Paraíba / Cinema da Paraíba”. 

1) No capítulo Rio Branco e suas varias fases ou um cinema de portas abertas, o autor diz: “... em 1915 nesse primitivo cinema, a grande atração, além dos filmes, eram os músicos, dos quais o mais famoso foi o pianista Fernando Trigueiro, Olegário de Luna Freire, no violino e, na flauta, Alípio Vieira, além do cego Crispim”. 

Fernando Trigueiro era meu tio, irmão de papai. Papai homenageou seu irmão dando o nome de um dos seus filhos, Fernando atual tabelião de registro de imóveis e notarial, na cidade de Patos.

2) Segundo Wills o “Santa Roza” por muito tempo foi uma sala de cinema. Em 04 de fevereiro de 1933, foi exibido naquele local o histórico filme musical brasileiro “Coisas Nossas”. O autor descreve o sucesso do filme: “Suas músicas tiveram diretas influências nos bailes carnavalescos dos Clubes Astréia e Cabo Branco durante muitos anos. 

Outra atração segundo Wills no “Santa Roza” era a presença à frente da banda musical de um dos maiores músicos país, Lourenço Barbosa da Fonseca, nacionalmente conhecido como Capiba" (Patrono da Cadeira 07 da APC, atualmente ocupada por Moacir Barbosa).
3) Hoje vou descrever alguns registros narrados por Wills sobre o Cinema Rex, inaugurado em 9 de agosto de 1935. “O Rex tornou-se o ambiente bem da cidade, o lugar de encontro da sociedade: era cassino, teatro, quase um clube, como uma continuação do Esporte Clube Cabo Branco, funcionando em sua frente. O Rex, nos anos 30, era um dos edifícios mais importantes da cidade, com suas formas revolucionárias, ao lado dos prédios do Lyceu, Secretaria das Fazendas e Rádio Tabajara, hoje desaparecida”. 

Wills destaca um evento importante ocorrido no Rex: “Fato marcante ocorreu no dia 6 de junho de 1944, quando foi suspensa a exibição do aclamado ‘Vendaval da Paixão’, de Cecil B. De Mille, para se anunciar, sob os aplausos de todos os presentes, que tinha sido iniciada a retomada da França pelas forças aliadas”. O autor também destaca “Um dos maiores momentos vividos no Rex, foi a exibição de ‘... E o vento levou’, o grande clássico cinematográfico, em outubro de 1944, em pleno conturbado cenário da Segunda Guerra Mundial”.
Cine Rex

4) No Capítulo O Romantismo do Cine Filipéia ou as Memoráveis Matinês, Wills Leal descreve que o "Cine Filipéia iniciou suas atividades em 1926, instalado por trás do Palácio do Governo, esquina da General Osório com a B. Rohan".

Segundo o autor, nesse cinema ocorreram duas grandes confusões, quais sejam: “a primeira, no dia 26 de julho de 1930, quando a plateia revoltada quebrou tudo, ao tomar conhecimento da morte de João Pessoa; a outra, em fins de 33, quando uma briga entre dois bêbados obrigou até mesmo a pianista Sinhá Gomes a sair por uma das sua janelas”. 








Cine Plaza

5) Cine Theatro Plaza. Wills nesse capítulo dá detalhes sobre a funcionalidade desse famoso cinema na época. Segundo o autor “O Cine Theatro Plaza, inaugurado em 11 de setembro de 1937, em pleno Ponto de cem Réis (Praça Vidal de Negreiros, 29), era o maior da cidade e talvez o melhor de todos. O filme de estréia foi “Rosie Marie’, com Jeanette Mac Donald, o rouxinol que se humanizou; Nelson Eddy, o maior barítono do mundo, e Allan Jones, o inesquecível; tenor de magnólia”. Wills lembra algumas exibições que marcaram na história do Plaza, por exemplo, a do “Ébrio levou tanta gente para a calçada que a polícia teve de intervir violentamente. O filme francês Veneno Violento, apresentado com Inimigo Secreto, só para homens, às 10 horas da noite, causou polêmica, entre outros”.

“Na sua exigência, o Plaza foi palco de dolorosas tragédias: A primeira registrou-se na implantação do ar condicionado, ocasião em que um operário morreu de um choque; outra, foi o suicídio, num dos banheiros, de Eduardo Pinto Lemos Filho e, por fim, o suicídio de um popular, quando na tela se exibia Grizli, a Fera Assassina”.

6) “Ah! O Cine São Pedro! Que mundo de recordações ele me traz! Permita-me algo de sua história, que se confunde com a minha própria história. Ele nasceu de minha sensibilidade paternal e, posso dizer, por meio dele criei minha família, formei meus filhos, casei minhas filhas. Devo-lhe, portanto, conforto e as alegrias mais justas que um pai pode usufruir: a certeza de haver cumprido meu dever para com os filhos! O São Pedro foi assim o chaveiro de minha felicidade”. Pedro Honorato, proprietário do Cine São Pedro em depoimento dirigido a Linduarte Noronha, segundo descrição de Wills Leal. 

O Cine São Pedro foi fundado nos anos 30. Oficialmente, foi inaugurado em 1941, em sua versão definitiva. Ficava localizado na Rua São Miguel, na cidade baixa.

Seu Severino do Cinema
7) Seu Severino do Cinema (Patrono da Cadeira 05 da Academia Paraibana de Cinema). Segundo Wills Leal o “Sr. Severino Alexandre dos Santos foi um educador de muitas gerações com filmes e seriados na vizinha cidade de Santa Rita, através de exibições no seu primeiro cinema ‘São Braz’. Seu Severino do Cinema era um dublê de arquiteto-construtor e exibidor cinematográfico”. O autor chama atenção para o espirito de empreendedor do Seu Severino quando afirma que chegou a “possuir outros cinemas, tais como, o ‘Santa Cruz’ na década de 40; o ‘Cinerama’ e o ‘São João’. O êxito dos empreendimentos de seu Severino deve ser creditado, em boa parte, ao trabalho dos seus familiares, diz Wills Leal. “Sua família ajudava em todos os serviços do cinema: limpeza, feitura e exibição dos cartazes, projeção e sonorização dos filhos, trocas dos rolos de fitas, etc.”.

“Durante mais de meio século, ‘Severino do Cinema’ viveu o dia-a-dia cinematográfico da cidade de Santa Rita, criando parcerias com outros exibidores do interior, a exemplo de Mari e Bayeux. Sempre com o apoio decisivo da família, sobretudo, do filho mais velho, o acadêmico  Alex Santos" – ocupante da Cadeira 05, substituindo seu pai, que depois se tornaria jornalista e cineasta”.


8) Cinemas em Campina Grande. “O primeiro cinema instalado nesta cidade foi o ‘Cine Brasil’ localizado no famoso educandário Colégio Alfredo Dantas. Infelizmente sua duração foi muito curta”. Segundo o autor, os principais cinemas em Campina Grande, nas décadas de 30 a 40 foram: “Cinema Campinense, o Cinema popular, o Apolo e o Fox”

“A cidade só contou com moderno cinema em 1934, quando a 20 de novembro, foi inaugurado o cine ‘Capitólio’. Em julho de 1972, o cinema ‘Capitólio’ foi palco de uma cena inédita na história da Paraíba. Por causa de uma cadeira, um estudante de 17 anos, matou com uma facada no coração, um comerciante de 52 anos. O filme que estava sendo exibido era a reprise de ‘Bem Hur’ de William Wayle”. 

“Outro bom cinema na cidade foi o ‘Cine Babilônia’, inaugurado em 06 de julho de 1939. Era o preferido pela sociedade local. Foi palco de grande exibições de filmes consagrados”. Outros cinemas, segundo Wills, foram: Cine avenida, Cine São José, Cine Brasil, Cine Liberdade e o Cine Real, instalados em bairros da cidade”.

9) Sindô Trigueiro, meu avô paterno, segundo Wills afirma que em 1921, “o senhor Sindô foi o pioneiro em exibições de filmes na capital do Brejo, na cidade de Guarabira.  Com o falecimento de Sindô, o equipamento é comprado por José Freire de Luna. Um amante do cinema que, tempos depois ficou conhecido por ‘Zezinho de Gila’ se torna personagem famosa na cidade”. Logo, o gosto por cinema da Família Trigueiro vêm de várias décadas.

Wills escreve que “Em 1935, coloca em funcionamento o cinema falado na cidade. O cinema se chamava Guarany, bem próximo à Matriz de N. S. Da Luz, onde hoje funciona um teatro”. 







10) O Cinema chega a Patos e outras cidades do interior. “Foi em Patos, desde meados do século XX, então a mais importante cidade do interior paraibano (depois de Campina Grande), onde o cinema teve maior desenvolvimento, ao longo de quase 70 anos:. 

Segundo o autor, “pelo menos cinco cinemas foram instalados, incluindo agora as recentes instalações das modernas salas no Guedes Shopping Center”. Historiando fatos, Wills Leal, lembra que “o pioneiro foi o José Florentino Sênior, a instalar o cinema na Morada do Sol. Além dele, Wills cita outros pioneiros: “Dr. Luiz Aires Bezerra e o farmacêutico Alcebíades Parente, auxiliado do primeiro Virgílio Dantas e o irmão Cicero Parente”. “Mais tarde um general reformado do Exército, Gregório de Paiva Meira (irmão de minha avô), homem de vivência no sul do país, mas natural da cidade, organiza o ‘Cine Farol’, na principal avenida de Patos”.

O cinema mais famoso e longa duração em patos foi o Cine Eldorado de propriedade dos senhores Agripino Cavalcanti, Patrono da Cadeira 48 da Academia Paraibana de Cinema (APC) (a qual com muita honra sou o ocupante atual) e Joaquim Araújo. Ficava instalado na Avenida Pedro Firmino.

“Outros cinemas foram instalados em diversos municípios do interior da Paraíba, destacando-se, segundo Wills Leal, os seguintes: “Cinema Moderno, Cine São José, Cine Apolo XI, Cine Pax e Cine Alvorada em Cajazeiras; em Sousa, José Gadelha construiu um moderno cinema chamado Cine Gadelha; em Mamanguape, o Cine Popular, depois chamado de Cine São Pedro; em Rio Tinto, um dos maiores parque fabris do Brasil, nos anos 40/50, tendo como frequentadores os trabalhadores da fábrica, que não pagavam ingresso. O cinema chamava-se Cine Orion; em Itabaiana, em 1911, o senhor Francisco Sotter de Figueiredo Castro montou o Cine Conceição”.