Cantina Star |
Começo na Festa da Mocidade, no Parque Treze de Maio. Os shows de rebolado promovidos pelo grande ator Barreto Júnior, no “Teatro Marrocos”. A cervejinha gelada do “Cabana”; depois vamos ao “Torre de Londres”. Ali mesmo na Boa Vista podemos ir á “Canequinha”, “Cantina Star”, à “Botijinha”, ao “Bar Princesa Isabel”, a lanchonete “Simpatia”, ao “Mustang” e à boate “Aritana”, aonde as garçonetes não usavam sutiã. A “Cantina Boa Vista” é uma boa pedida. Depois, que tal a “Palhoça do Melo” ou a “Churrascaria Alvorada” onde Dr. Paivinha almoçava no intervalo dos plantões.
Boate Chanceler |
Vamos ao “Bar Sabiá”, num sítio da Madalena, dos irmãos Valença, compositores de “O teu cabelo não nega”. Agora é a “Imprensadinha” e seus múltiplos tiragostos. Do lado, a “Petisqueira Angolana”. O primeiro “Forró Cheiro do Povo”, na praça da Torre onde eu vi e ouvi Gonzagão e Gonzaguinha, cantando “A minha vida é andar por esse País”.. “Bar do Quiabo”, na rua da Lama. “O Cavalo de Aço”, no Prado. “O Chambari da Várzea”, onde eu dizia que Frank Sinatra já estivera. Foi lá onde ele compôs o seu maior sucesso: “Chambari You Love You”. “Bar da Tripa” na Cidade Universitária. E o “Bar do Espanhol”, no oitão da Rádio Clube, onde tocava o violonista Ankito e cantavam os artistas da época de ouro do Rádio.
Vamos para a Guararapes. “Bar Savoy”, dos trinta copos de chopp de Carlos Pena Filho. Salada de bacalhau. “Bar da Brahma”, na esquina da Dantas Barreto. Pátio de São Pedro: “Bar do Aroeira”, batidas de todas as frutas, até de tamarindo. Quer dar um pulinho na rua do Rangel? Lá tem a “Boite Mauá”, tem “Maria Maga” e muitas outras pensões. É só subir a escada.
Quero ir ao “Batutas de São José”, no cais de Santa Rita, onde a garçonete Carminha já traz o litro de Rum Montilla, 6 coca colas, e um balde de gelo, pelo meio da multidão. E o coro feminino canta: “Não deixe morrer Batutas, não deixe Batutas morrer”. E o frevo come no centro.
Igrejinha de Boa Viagem |
Vamos ao Clube das Pás Douradas e sua incrível orquestra de metais, acompanhando o “Cantor Pingo de Ouro do Brasil” Roberto Muller, cantando “O amor nasceu de uma cerveja, outra cerveja beberei para esquecer”.
Vamos para a Rio Branco. O “Gambrinus” e o seu principal concorrente o “OK”. Ovo cozido e peixe frito. Quer ir pra zona? Bora lá: “Tonys Drynks”, “Chantecler”, “Nigth and Day”, “Bossa Nova”, “Yê Yê Yê Drinks”. Quer tomar Whyskey, é so entrar no “28” de Waldemar Marinheiro. Mais pra frente tem o “Texas Bar”.
Bora simbora pro Pina, home. Aquilo é que é lugar bom. “Bar do Heleno”, “Bar de Nadinho”, “Kib Lanche”, “Feijoada do Leopoldo”, “Restaurante Para Vocês” dos amigos Severino, Honório e Chico.
Sopa de cabeça de peixe no “Máxime”, feita especialmente pelo dono Zé Paulo, amigo de Dr. Formiga. Na região boêmia tem “A Casa de Alaíde” e a “Casa Branca” e muitas outras pensões, todas tocando Waldick Soriano em suas radiolas de ficha.
“Churrascaria Mocambo”, que tal? “Peixada do Lula”. “Churrascaria Pajuçara”, bem pertinho do Aeroclube, se alembra? Quer entrar no Bode e no Encanta Moça? Lá tem “Banhistas do Pina”, o “Bar de Alemão” (zagueiro do Sport), “O Clube Colônia”, dos pescadores, que pedia que as moças não cortassem os cavaleiros, para evitar problemas para a diretoria. Tem ainda o “Bar do Caranquejo”, na descida da Ponte do Pina. Vamos voltar para a avenida.
O velho Califórnia. É muito bar que tem por ali. O principal é o “Chão de Estrelas”, do Espanhol. Foi lá que eu tomei Campari pela primeira vez. Era o prédio todo de boemia e alegria. Um pouquinho à frente tinha “O Veleiro”. Ali era bom. Música ao vivo. Dançar de rosto colado e um ambiente embalado pela brisa mansa do mar. Mais na frente o “Le Bretagne”.
Já estamos na Pracinha de Boa Viagem. Tem a “Feirinha”, quer ir? Se não quiser, nós vamos pra “Lapinha”, no meio da praça.
Quer comer um galeto assado na brasa? Vamos ao “Tio Pepe”, na frente do Hotel Boa Viagem.
Topas o Hollyday? É a maior concentração de boa safadeza por metro quadrado de todo o Norte/Nordeste. O Edifício é de uma arquitetura belíssima, em forma de concha, para acolher um monte de barzinho cada qual o melhor. Ah! quem me dera ter memória boa para falar nos outros bares e restaurantes da região. O Hollyday foi desocupado pelo peso dos pecados e a inércia dos pecadores ingratos.
E agora? Tá ali, rapaz, “O Oceano Driks”, quase uma boate. Mais na frente temos o “Sarong”, e já para o lado de Candeias a Catedral de todos os bares, a inesquecível “Candelária”.
Em Piedade tem as Boites: A Gruta, Ferro Velho e outras mais. Quer ir em Olinda? Vamos ver o que é que tem por lá que ainda é cedo. Vou dizendo logo, em Olinda eu sou fraco. O bom é que não tem a lei seca.
O fusquinha sai vibrando. Pela Cruz Cabugá, que ainda não tem a Agamenon.
Feirinha de Boa Viagem |
Vemos o bar “Janaína”, do meu amigo Aragão. Quem é bom em Olinda é Chefe Barbosa – Perna de Galinha. Mas ele inventou de se encantar. Podemos ir ao “Estrela do Mar”, o peixe é uma beleza. Você quer agulha frita? Então, vamos pra Zé Pequeno. Depois vamos para o “Las Vegas”, é o Veleiro de Olinda. Música e Dança. Agora nós vamos para “A Catedral da Seresta”, em Rio Doce.
Aqui eu fico. Grandes seresteiros entoam as mais belas páginas musicais da verdadeira música popular brasileira.
No meio da cena o maior seresteiro: Expedito Baracho, acompanhado por Canhoto da Paraíba despertam no coração dos boêmios amores perdidos e nunca esquecidos.
Ah! Meu Recife dos anos 60. Por que passaste tão ligeiro? Dizem que não existe o tempo se nós o seguirmos com o coração e a saudade.
Recife, 09.06.2011
Hamilton Lima Barros