Francisco Madia |
O território do DESEJO é infinitamente mais lucrativo do que o da NECESSIDADE. LESLIE WEXNER, o gênio do streetwear do mundo moderno, dentre outras façanhas reinventor de ABERCROMBIE & FITCH e ressuscitador de VICTORIA´S SECRET sempre dizia, “Mulheres precisam de roupa de baixo, mas desejam lingerie, Eu prefiro estar no negócio do desejam do que do precisam; questão de margem”.
Em momentos especiais, e na falta total e absoluta de alternativas, prevalece a NECESSIDADE até por uma questão de sobrevivência. E é o que vem acontecendo no Brasil, no território das motocicletas, dia após dia recebendo a adesão maciça das mulheres.
Em 2005 o MADIAMUNDOMARKETING foi convidado para uma palestra no Congresso da FENABRAVE sobre o mercado de motocicletas. Rapidamente acionou uma SPE – Sondagem Preliminar Exploratória – para entender a relação que existia entre homens e mulheres sobre as “duas rodas com motor”. As mulheres detestavam, os homens amavam; onde as mulheres enxergavam perigo e morte, os homens viam sonhos e aventuras. 82% das mulheres afirmavam que jamais concordariam que seus companheiros comprassem uma moto; já os homens – 80% – recomendariam que seus amigos e parentes comprassem uma moto.
E aí o trânsito foi se adensando, as pessoas perdendo a hora ainda que levantassem mais cedo, e muito rapidamente concluíram que a única alternativa era uma MOTOCICLETA. Assim, e mesmo detestando, por uma questão de NECESSIDADE e falta de alternativa, nos últimos anos vem crescendo de forma mais que surpreendente a presença feminina dentre os compradores de motos.
Hoje, de cada 4 motos vendidas, uma é comprada por mulher. Em 1990 de cada 10 nem meia era comprada por mulher. Em levantamento realizado pela ABRACICLO 25% das motos são compradas por mulheres, predominando a faixa etária entre 21 e 30 anos.
Assim, e já que ou compram e usam uma moto, ou não chegam na hora, e não sobrevivem economicamente, as mulheres começam a olhar para o antigo OBJETO DE PAVOR com algum interesse e encantamento. E as fábricas rapidamente customizam suas motos para melhor corresponder às expectativas desse novo comprador, ou melhor, compradora.
Segundo CLAUDIO ROSA, sócio da fábrica chinesa ZONGSHEN que fabrica a KASINSKI, e falando ao VALOR, “em geral as mulheres querem uma moto que seja fácil de usar e que não dê grande manutenção”. ROBERTO AKIYAMA, diretor comercial da HONDA pondera, “Nos últimos anos, as motos foram mais adaptadas ao estilo de pilotagem da mulher”. A DAFRA passou a oferecer outras cores, além da preta e vermelha, em suas scooters, considerando que metade de seus compradores são mulheres. E agora, em todas as motos, lugares para as bolsas femininas…
Um dia, mais de cem anos atrás, foi lançado um xarope para dor de cabeça chamado METILETILXANTINA. Alguém decidiu tomar com gelo, achou gostoso, e hoje, parcela expressiva da população mundial deixou de tomar água para só tomar METILETILXANTINA, leia-se, COCA-COLA. Quem sabe um dia, e pelo apreço decorrente da prática, as mulheres, finalmente, não reabilitem as MOTOCICLETAS em seus corações, e transformem a INDESEJÁVEL NECESSIDADE em OBJETO DE DESEJO.
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