Empresário e Diretor do Sistema Correio de Comunicação |
Essa é a sensação que predomina, em mim, neste instante pré-Copa do Mundo de Futebol: medo do que está sendo tramado longe dos gramados; temor por essa calmaria apática que parece prenunciar uma tempestade social.
E esse é, aliás, um fenômeno
absolutamente atípico no histórico das copas com a torcida brasileira. Nunca
fomos tão indiferentes.
Cadê os 90 milhões em ação? Onde estão
os corações batendo a mil?
Não se ouve, em esquina alguma dessa
nação, o entoar de “a taça do mundo é nossa, com o brasileiro, não há quem
possa”.
Aliás, pior do que as antigas canções
não estarem sendo lembradas é a constatação de que não temos uma só música
composta para esta Copa. Nenhuma rima que junte futebol, Brasil e orgulho
nacional sendo cantada na boca do povo.
Algo realmente estranho, amedrontador e
inédito ocorre no País do futebol, sede da Copa do Mundo de 2014.
Uma atmosfera que Aberlado Jurema
também captou em sua recente passagem pelo Rio de Janeiro.
Lá, onde ocorrerão algumas das mais
importantes partidas, nenhuma bandeirola aguarda o apito inicial; nenhuma
manifestação faz referência ao fato de que muito em breve o escrete canarinho
estará em campo, defendendo as cores do Brasil na mais importante competição
futebolística do mundo.
E na nossa casa.
Mas justamente quando a copa veio,
nosso interesse aparentemente foi embora.
Pois quando se fala no campeonato, o
tom mais recorrente é o da crítica. Associando imediatamente a gastos com
estádios e atrasos nas obras de infraestrutura.
Ou invés do grito de gol, espera-se
coros de protestos.
Isso é ruim? É bom? Sinaliza uma
mudança de mentalidade, amadurecida pelo crescimento econômico e consolidação
da democracia?
O tempo irá responder. Por ora, sem as
respostas, a sensação que prospera é de fato o temor pelo desconhecido e a
suspeita de que há algo realmente assustador por traz de tudo isso.
Por traz desse aparente desinteresse
com a performance da seleção – um comportamento que – repito – nunca se viu
antes na pátria de chuteiras.
Quando e por que resolvemos
pendurá-las?
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