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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Medo

Empresário e Diretor do Sistema Correio de Comunicação

Essa é a sensação que predomina, em mim, neste instante pré-Copa do Mundo de Futebol: medo do que está sendo tramado longe dos gramados; temor por essa calmaria apática que parece prenunciar uma tempestade social.


E esse é, aliás, um fenômeno absolutamente atípico no histórico das copas com a torcida brasileira. Nunca fomos tão indiferentes.


Cadê os 90 milhões em ação? Onde estão os corações batendo a mil?


Não se ouve, em esquina alguma dessa nação, o entoar de “a taça do mundo é nossa, com o brasileiro, não há quem possa”.


Aliás, pior do que as antigas canções não estarem sendo lembradas é a constatação de que não temos uma só música composta para esta Copa. Nenhuma rima que junte futebol, Brasil e orgulho nacional sendo cantada na boca do povo.


Algo realmente estranho, amedrontador e inédito ocorre no País do futebol, sede da Copa do Mundo de 2014.


Uma atmosfera que Aberlado Jurema também captou em sua recente passagem pelo Rio de Janeiro.


Lá, onde ocorrerão algumas das mais importantes partidas, nenhuma bandeirola aguarda o apito inicial; nenhuma manifestação faz referência ao fato de que muito em breve o escrete canarinho estará em campo, defendendo as cores do Brasil na mais importante competição futebolística do mundo.


E na nossa casa.


Mas justamente quando a copa veio, nosso interesse aparentemente foi embora.

Pois quando se fala no campeonato, o tom mais recorrente é o da crítica. Associando imediatamente a gastos com estádios e atrasos nas obras de infraestrutura.


Ou invés do grito de gol, espera-se coros de protestos.


Isso é ruim? É bom? Sinaliza uma mudança de mentalidade, amadurecida pelo crescimento econômico e consolidação da democracia?


O tempo irá responder. Por ora, sem as respostas, a sensação que prospera é de fato o temor pelo desconhecido e a suspeita de que há algo realmente assustador por traz de tudo isso.


Por traz desse aparente desinteresse com a performance da seleção – um comportamento que – repito – nunca se viu antes na pátria de chuteiras.


Quando e por que resolvemos pendurá-las? 

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