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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Um Matuto Caminhante: Capítulo 9: Gaibu, Capuxu e Gravatá (Versão Preliminar)


CAPÍTULO 9



Meu irmão George Trigueiro



PRAIA DE GAIBU, GRAVATÁ E CAPUXU

 

9.1. Praia de Gaibu

 

        Gaibu vem do tupi, vale do Olho D’água. Até a construção do Porto de Suape, Gaibu foi uma das mais badaladas praias do litoral pernambucano. Lá você ainda encontra uma boa estrutura de pousadas, hotéis e restaurantes. O mar tem água cristalina que convida ao mergulho e ao surf. Uma de suas atrações principais é a escalada do verdadeiro mirante da natureza, o Morro das Pedras, de onde pode-se apreciar um belo visual do conjunto céu, terra e mar, com o destaque do cenário privilegiado da praia de Calhetas.
        Nos primeiros anos da década de 80, meu irmão George, construiu uma casa em Gaibu Na época, uma praia, exclusivamente de veranistas e pescadores. Todos os nativos e veranistas, praticamente, se conheciam, pois, a indústria do turismo ainda não tinha chegado. 

Na mesma época, Paulo e Graça Costa Lima, amigos de George e Ingrid (Neneca), também construíram uma casa em Gaibu. As casas eram vizinhas e não tinham muros separando-as, era uma casa só!

Entre os anos de 80 e 90 passamos vários carnavais na casa de George e Neneca. O DNA de “Carlos Dantas Trigueiro” sempre foi e será o nosso azimute. Na semana carnavalesca que começava na quinta-feira e se estendia até a Quarta-Feira de Cinzas, a casa se tornava pequena para abrigar a folia da grande família.  Hoje nos reunimos em Gravatá.

Os casais tinham seus quartos, enquanto a meninada dormia em colchões e redes pelas salas e corredores; terapia da integração grupal e perpetuação da memória de nossos antepassados. Tudo era alegria! Jamais ocorreu um desentendimento entre os visitantes e anfitriões. No carnaval, democraticamente, “O reinado da folia era Trigueiro”. À noite a diversão dos casais era jogar buraco e tomar um bom uísque. Já a meninada ia passear no calçadão da praia ou rodar no carrossel, que ficava instalado por trás das casas de George e Paulo. Tempos felizes...

A praia era excelente e o banhos de mar eram sagrados e não existia a ameaça de tubarões. Pelo contrário, algumas vezes apareciam golfinhos. Pela manhã, após o café, todos saiam para o mar. Por volta das 13:00hs começavam os “trabalhos” que se estendiam até à tardinha, quando a dona da casa, juntamente com as nossas esposas, de vassouras nas mãos, decretava o fim do “expediente”.

Ao fim da tarde, para curar a ressaca voltávamos para o mar e só saíamos à “boca da noite”. Era o chamado “banho da mentira”, pois, todos tinham que contar pelo menos uma mentira e ao vencedor o prêmio era ficar isento da cota da farra da noite.

Registrando momentos felizes com os amigos Paulo e Graça, Alfredo e Diva, Fernando Albuquerque e Martha, Thiné e Ana, Dizeu e Fátima, Lula e Rosa, Zezé o Perna de Sabiá, Alcy Heim e Helen, Isaac e Saúde, Dorian e familiares, entre outros. Meus irmãos, participavam algumas vezes dessa farra.


Ângela, Raquel, Selma, George e Paulo


Morro das Pedras entre as praias de Gaibu e Calhetas.



Neneca, Germanna, Raquel e Antônio Carlos.



O Autor, Raquel, Ângela e Kakito.

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Passeio de barco das sereias

Um dos passeios mais agradáveis era subir o morro que dá acesso à praia de Calhetas. Considerado um dos refúgios da cidade do Cabo de Santo Agostinho. Essa bela praia é uma das melhores opções para os amantes da natureza.

Alguns historiadores relatam que o Brasil foi descoberto nesse local, pelo navegador espanhol Vicent Pizón, antes de Cabral aportar na Bahia. Apesar da pequena extensão, conta com mata nativa preservada e um belo visual, além de clima agradável e, costuma receber turistas durante todo o ano. O lugar conta com uma boa faixa de areia dourada e fofa. O mar é calmo, de águas cristalinas, propícias para o banho e a prática de esportes náuticos, como windsurfe e caiaque. O Bar do Artur era o nosso preferido, pois servia uma caranguejada com pirão de dar “água na boca”.



Praia de Calhetas.



O ponto alto da praia de Gaibu foi à criação do “Bloco Cururu na Vassoura”, fundado na década de 80, cuja ideia genial foi de George e logo aprovada por todos. O bloco saía no domingo de carnaval, mas já no sábado começavam os ensaios, para que todos os foliões apreendessem a marcha do ano.

O hino oficial do bloco, com letra de George e a música e arranjo de uma amiga dele que tocava na Orquestra Sinfônica de Pernambuco, tinha a seguinte letra:

"O sol já raiou, já raiou em Gaibu, o dia já chegou e minha amada me chamou". Para casa Lula, para casa Lula, eu não vou, vão me levando..." O bar já fechou, a cerveja esquentou, o garçom já dormiu e o Vassoura não saiu".

Na verdade, o bloco desfilou só uma vez, no calçadão da praia, pois nos outros carnavais o bloco ficava concentrado em uma das casas dos diretores do bloco e, depois da turma já ter excedido no “esquente”, todos preferiam ficar na concentração.



Lula (in memoriam) a inspiração para a letra do bloco


Outra marchinha que fez grande sucesso foi em homenagem a Dona Lourdes, mãe do nosso amigo Alfredo Campos. Dona Lourdes passava o carnaval na residência de Alfredo. Na época, já aparecia tubarões na praia do Paiva que fica vizinha a praia de Gaibu. Pois bem, a letra da marcha, também composta por George dizia o seguinte:

 

“Ouvi dizer que no Paiva tem um tubarão que pega surfista e barão, não vou para Enseada, nem para o Xaréu, pois Gaibu é melhor do que o Céu. Xô tubarão, xô tubarão, não vem pegar a mamãezinha do meu coração”.


 

Fernandão, George e o Autor

Lenita com o estandarte do bloco Cururu na Vassoura


George, Neneca, Fernando e Fernanda.


A meninada com o estandarte do bloco Cururu na Vassoura


A escolha de quem seria a porta bandeira do bloco Cururu na Vassoura


 

Registro do único desfile do bloco no calçadão da praia. 



Na casa de Alfredo e Diva Campos.




O Autor, Alfredo, Fernandão, George e Paulo.



Na residência de George e Neneca.




Reunião das mulheres esperando o bloco sair!



9.2. Fazenda Capuxu





Os meus irmãos Alberto e Mário sempre gostaram de fazendas. Quando adolescentes, eles passavam as férias de junho na fazenda Bonita de nossa irmã Neide e Roldão, as quais dediquei um capítulo (4) especial.  

Mário herdou da família de sua esposa um pequeno sítio nos arredores de Patos, ao qual por muito tempo administrou. Era feliz criando suas cabeças de gado, que eram poucas, mas como o Rei Luiz Gonzaga dizia: “não tinham outras mais bonitas no lugar”.



Meu irmão Mário Trigueiro


Alberto era médico e empresário - diretor do Centro Hospitalar Albert Sabin em Recife. Como trabalhava muito - resolveu construir uma casa confortável para hospedar seus familiares e amigos; fazendo assim seu refúgio e paraíso.



                                            Meu irmão Alberto Trigueiro



Casa Grande da Fazenda Capuxu


A fazenda sempre foi autossustentável, pois, explorava a pecuária de corte; criação de frangos e hortaliças.

Alberto, como todos nós, herdou de papai o gosto por festas e pela casa cheia de familiares e amigos. Numa forma de manter viva a imagem do nosso ídolo maior, e de reunir a família para matar as saudades, mandou construir a praça “Carlos Dantas Trigueiro”, cujo busto foi doado por Nonô. Foram várias inaugurações. Cada fim de semana ele convidava um irmão para a inauguração dela. Era uma festa! Com certeza papai gostou muito das homenagens, principalmente, das farras durante as inaugurações. Destaco que o encerramento dessas festas se dava todos cantando o frevo, hino da família, Sacarolha. 

 

“As águas vão rolar

Garrafa cheia eu não quero ver sobrar

Eu passo a mão na saca, saca, saca-rolha

E bebo até me afogar

Deixe as águas rolas

...

Se a polícia por isso me prender

Mas na última hora me soltar

Eu pego, saca-rolha,

Ninguém me agarra ...

 


 

Praça Carlos Trigueiro na Fazenda Capuxu


        No mês de julho eu, Ângela, Raquel, George, Neneca e filhos, passávamos uma semana na fazenda. Às vezes Humberto nos acompanhava. Eram semanas inesquecíveis. Saudade!




O autor, Humberto, Paulo, Osvaldo Fernando e Alberto na Fazenda Capuxu.

George foi quem tirou a fotografia.




Alberto preparando um “fundi” Fazenda.


Um dos hobbies de Alberto era cozinhar para os familiares e amigos. Dizem que ele apreendeu com Nonô, pois quando era adolescente e residia em Patos, ajudava Nonô na cozinha. Nonô e Mamãe tinham uma mão divina na cozinha.



Alberto, Ângela e Socorro



Osvaldo, Rosinha, Socorro, Humberto, Rafael Moita e Alberto na Fazenda.



Alberto, Osvaldo e Nonô.



Socorro e amigas na Praça Carlos Trigueiro, na Fazenda Capuxu



            Várias vezes eu e Mário íamos passar um fim de semana em Capuxu com Alberto. As nossas esposas, inclusive, Socorro esposa de Alberto não iam. Certa vez Mário acertou comigo para irmos para fazenda, pois ele tinha prometido a Alberto uma encomenda. Eu perguntei a ele o que era. Então, ele me disse que tinha trazido de Patos várias codornas e rolinhas para soltar na fazenda. – Então falei:” você é doido Mário? Se o IBAMA nos pega, vamos presos”.
                Ele com a calma que lhe era peculiar disse - “besteira Carlos, trouxe de Patos, portanto, passei no posto da Polícia Rodoviária Federal de São Mamede que é muito exigente, e nada aconteceu. Imagine de João Pessoa para Capuxu”. Passamos tranquilos. Levamos a encomenda e soltamos nos jardins da Praça Carlos Dantas Trigueiro. Foi um momento de luz e alegria, ao vermos as aves aos poucos abrirem as asas e alçarem o voo da liberdade. Essa é uma das imagens mais lindas que guardo da Fazenda.



Socorro e Nonô na Fazenda Capuxu



Alberto e Humberto, meus irmãos.



Praça Carlos Trigueiro na Fazenda Capuxu


9.3. Gravata

 

        A cidade de Gravatá localizada no agreste pernambucano fica a 80 km do Recife. É chamada a “Suíça Pernambucana” devido ao clima agradável.
        É um importante polo gastronômico, bem como, vários condomínios residenciais que atendem a todas as classes sociais. Na sua maioria as casas têm arquitetura alpina. As principais atrações turísticas são o Alto do Cruzeiro, Mercado Público, a Buchada do Gordo, a Cartola de Gravatá, o Museu do Automóvel e a Ponte do Cascavel.



A Cartola de Gravatá em Pernambuco


        Meu irmão George e Neneca adquiriu uma casa no Condomínio Inn Colonial, um dos principais empreendimentos da cidade. Lá eles passam os fins de semana junto com os filhos e netas.



A casa de George e Neneca em Gravatá



Bié, George Filho, Ângela, o Autor e George



Confraternização na casa de Paulo Moura e Marina



Neneca fantasiada de Coelhinho com as netas.



Jogo de buraco na casa de George e Neneca em Gravatá

Marina, Germanna, Neneca, Ângela e Nereide



O autor, George e Bié no Mercado Público em Gravatá





Sala gourmet na casa de George, meu irmão.



O autor, Humberto e George, meus irmãos no São João em Gravatá.


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            Tércia filha de Judith e Lindmar, casada com Toinho, são figuras ímpares, têm também uma residência em outro condomínio na cidade, a qual frequentamos também.
        Nos meses de junho e nos carnavais, sempre que podemos vamos para Gravatá e somos hóspedes de George e Neneca, tal como era em Gaibu. Eles gostam de receber os familiares e amigos para tomar umas e outras e jogar conversa fora.
            No mesmo condomínio Inn Colonial tem residência, outra sobrinha, Nereide filha de Neide e Roldão, casada com Manuel Cavalcante de Lacerda Neto, o amigo estimado Bié. Sempre que vamos à Gravatá somos recebidos pelo casal sobrinho para uma noitada de vinhos e queijos acompanhados de bons papos.

26 comentários:

  1. Bom dia Carlos!
    Quanta bela história de vida, parabéns!
    No final dis anos 70, início de 80, íamos muito em Gaibú visitar um grande amigo de meu pai que tinha casa lá , o advogado Davi, que fazia caça submarina com papai.
    George Cunha.

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  2. Beleza, Carlos!
    Fábio Smith

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  3. Estou adorando o texto, tem vários tipos de viagem e ler este texto é *Uma viagem no tempo* extraordinário.
    Martha e minha Marta Albuquerque?

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  4. Muito bom
    Bom Diaaa !!
    Napoleão Nápoles

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  5. Muito emocionante!
    Germanna Trigueiro

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  6. Muito bom !!!
    Outros tempos; talvez um época de ouro.
    O que deixamos, o que levamos...momentos...memórias......

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  7. Muito bom!!lembrei-me do tempo em que frequentava a sua casa na Pedro Firmino. Boas lembranças. Abraço.

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  8. UMA VERDADEIRA ODISSÉIA, AMIGO CARLOS TRIGUEIRO, PARABÉNS PELA MAGNITUDE DE SUAS VIDAS...

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  9. Ótimas recordações!! Deus abençoe vocês!! Abraços

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  10. Li o que me admira é sua lembrança e amei todo o passado com as pessoas que nos temos saudades.

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  11. Que delírio ler a memória de quem amo desde a mocidade , é como se também fizesse eu parte dessa alegria que é o carnaval em todas as famílias e que viagem os golfinhos 🐬
    Ednamay Cirilo Leite

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  12. Vovô Mário: inesquecível. Sua riqueza maior riqueza estava em seu coração, que era infinitamente maior do que todas as suas posses. Te amarei eternamente. ❤️

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