Napoleão Nápoles |
(Artigo de Roberto Cavalcanti publicado no Jornal Correio da Paraíba)
Uma operação nada sutil está em curso nos
editoriais da grande mídia, especialmente os produzidos a partir de São Paulo.
Surgiu de repente, mudando a mira da
metralhadora que despeja, sobre a população, estratégias de convencimento
eleitoral.
Se antes todos os canhões estavam apontados
para a atual ocupante do Palácio do Planalto, o foco central da guerra
midiática mudou nos últimos dias de direção.
Estão, agora, com as coordenadas
reprogramadas para o Nordeste. E têm, como objetivo, impedir as chances de
competitividade de Eduardo Campos, o presidenciável pernambucano que surge, ao
lado da nortista Marina Silva, como terceira via na corrida pelo comando do
Planalto Central.
A mídia decidiu que Dilma e Aécio é que devem
estar no segundo turno, alijando o pernambucano do processo.
Os pecados de Campos e Marina? Não serem
representantes das elites do eixo Café com Leite, que durante tanto tempo
mandou no País e que quer, a todo custo, voltar ao poder.
As provas do que digo são substanciais. Podem
ser verificadas e analisadas, dia após dia, edição após edição, nas páginas de
veículos como Veja, Folha de São Paulo e Estadão.
Para esses grupos, o Nordeste deve continuar
como primo pobre, que sorve migalhas como se degustasse banquete, enquanto o
filé mignon econômico segue sendo traçado nas mesas tradicionais.
E eles não estão nada satisfeitos com o
inquestionável crescimento (e aqui peço, mais uma vez, para que não interpretem
minhas observações com viés exclusivamente político) da região nordestina.
O primo já não é tão pobre.
Nos últimos anos, o Nordeste teve crescimento
diferenciado, especialmente em relação ao Sudeste.
Pode-se até ponderar que é fácil crescer cem
por cento quando não se tem nada além de carências acumuladas através de
séculos de desequilíbrios regionais.
Mas também são inquestionáveis que estamos
sendo contemplados com um pacote de ações que estão, efetivamente, diminuindo
as distâncias (e instâncias) de desenvolvimento.
Desde a instituição da Sudene e do
pragmatismo filosófico de Celso Furtado, nosso crescimento passou a ser
palpável e mais sustentável, posto que não se baseia mais em esmolas como as distribuídas
nas frentes contra as secas.
A industrialização se consolida no embalo dos
incentivos regionais.
E ganha novo fôlego com o concomitante
crescimento do turismo e dos investimentos em infraestrutura.
E mesmo todas as bolsas – ainda que não produtivas
–, acabaram por viabilizar, junto com outras ações, a exemplo da melhoria do
Salário Mínimo, a saída em massa dos nordestinos de históricos bolsões de
pobreza.
Roberto Cavalcanti |
E o jornalismo café com leite faz esta
leitura.
Leem tão bem que não desejam assistir, com
Campos e Marina, cenas análogas nos próximos capítulos da República.
Para estas oligarquias, pode tudo. Menos ter,
de novo, um nordestino no poder.
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