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sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Um Matuto Caminhante. Capítulo 22: Uma Pausa (Versão Preliminar)

 CAPÍTULO 22



 Raquel, Ângela e o Autor

UMA PAUSA ...

 

“Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.

Quando vejo retrato, quando sinto cheiros, quando

escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu

sinto saudades. Sinto saudades de amigos que nunca

mais vi, de pessoas com que não mais falei ou

cruzei. Sinto saudades dos que se foram e de quem

não me despedi direito. Daqueles que não tiveram

como me dizer adeus; sinto saudades das coisas que

vivi e das que deixei passar, sem curtir” (...)

 

Clarice Lispector

 

A gente pensa que as tragédias só acontecem com os outros. Ledo engano... Na verdade, todos nós estamos vulneráveis a tais acontecimentos. Sempre superava e vencia as pedras e precipícios que surgiam no meu caminho. Infelizmente o golpe foi grande! Devolvemos, Kakito, nosso filho, a Deus – nos restaram a fé e a esperança nos designíos divinos. Mas, quando o fato extrapola a capacidade de controle e abruptamente tira parte incomensurável e insubstituível de nossa vida, a gente se sente igual a Moises perdido no deserto. Nessa caminhada vivi dias longos e escuros, às vezes sem saber aonde ir. Foi aí que entrou em ação a permanente instituição “Sagrada Família”, sem ela, o caminhar seria muito mais difícil. Como disse alguém alhures: “A vida não é só um mar de rosas”. O tempo mudou de repente e levou meu barco para mares revoltos, cobertos por nuvens escuras. É preciso ter muita fé para compreender, aceitar e, sobretudo, administrar as provações. Ainda hoje, tento fazer as pazes com a dor da eterna saudade.

O poeta inglês William Blake disse certa vez, “se as portas da percepção fossem limpas, tudo aparecia ao homem tal como realmente é: infinito”. É uma grande verdade. As portas nem sempre são limpas no decorrer de nossas vidas. A cada janela ou porta aberta sempre temos uma surpresa.

Em um de seus dizeres Samuel Johnson falou - “enquanto jovem, é preciso cultivar os amigos, pois com a idade vai ficando difícil renovar o plantel”. Como viram nas entrelinhas deste livro, fiz muitos amigos e amigas.

Nestas linhas, busquei registrar um pouco de minha vivência, da minha história, da história da minha família e dos meus amigos e amigas.

Me despeço com uns versos de Roberto e Erasmo Carlos: 


 “Detalhes de uma vida, histórias que contei aqui.

 Sei tudo que o amor é capaz de me dar.

 Eu sei... Já sofri, mas não deixo de amar... 

Se chorei ou se sorri ... 

O importante é que emoções eu vivi” 


E, assim sigo um Matuto Caminhante.

 

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Um Matuto Caminhante. Capítulo 21: Kakito e Kell (Versão Preliminar)

 CAPÍTULO 21




Kakito e Kell em nossa casa na praia do Cabo Branco.


KAKITO E KELL


Frutos da minha união com Ângela brotaram dois anjos lindos e maravilhosos, que encheram nosso lar de alegria selando o objetivo do nosso casamento. Primeiro foi Carlos Trigueiro Filho (Kakito), que nasceu no dia 27 de julho de 1976, na Maternidade Roberto Granvilhe em João Pessoa. Depois, veio Raquel Pessoa Trigueiro (Kell).




Kakito dançando a valsa na formatura de Kell na alfabetização.




Kakito e Kell no Iate Clube.


21.1. Kakito

 

Um dia a saudade deixa de ser dor e vira história para contar para sempre. Carlos Trigueiro Filho (Kakito) é uma dessas pessoas, sim eternas ... dentro da gente!

Kakito vez a alfebetização e o 1º Grau no Colégio Pinocchio, cuja diretora, Lúcia, é minha amiga deste dos tempos do Iate Clube da Paraíba. Nossos filhos velejavam juntos. Já o 2º Grau ele concluiu no Colégio PhD.

Influenciado pela mãe, cursou inglês, primeiro, na Cultura Inglesa, onde fez o “Highrt One”; depois, foi para o EF – Internacional Language Schools of Londres, com ótimo rendimento, tanto no Listening and Speaking, quanto no Reading and Writing

Prestou vestibular para Direito, na UFPB (Campus de Sousa), onde fez o 1o. Semestre. Como tinha sido, também, aprovado para o mesmo curso no UNIPÊ, no 2o. Semestre, do mesmo ano, optou por voltar para João Pessoa, onde estudou até o 3º ano.

Kakito sempre ativo, gostava de trabalhar. Ele próprio conseguiu um estágio no escritório de advocacia, Aguiar & Advogados Associados, cujo titular era meu amigo da UFPB, João Aguiar e do seu filho, André. 



Escritório de Advocacia Aguiar & Advogados Associados.



Kakito partiu prematuramente aos vinte anos de idade, no dia 07 de agosto de 1996, no Hospital Samaritano nesta capital, vítima de um destino jamais esperado. Que Deus o proteja!

Às vezes, em nossos momentos de elucubrações e dor, fico imaginando - só o Divino Espirito Santo, para acalentar, tamanha dor. Impossível verbalizar. É uma experiência que não se pode recomendar a ninguém. Ângela, a mãe, ao se despedir, transitoriamente, daquela obra de tão intenso amor, um pedaço de si, do nós, que ao mesmo tempo, transcende ao seu todo, tanto, que se nos desse a optar, renunciiaríamos a nossa própria existência, para que ele seguisse os seus caminhos junto com Kell. Assim, Ângela proferiu: “Kakito, diga a Deus que você foi o melhor presente que Ele me deu”.

Como pai não me sinto à vontade de falar de Kakito sobre suas virtudes, alegrias, inteligência, brincadeiras, atitudes etc., prefiro transcrever alguns depoimentos de pessoas que lhe conhecera:

 

Professor João Trindade

 

Artigo publicado no Jornal O Norte em 09/08/1996, pelo jornalista, advogado e professor universitário.

Carlos

 

“Era uma festa de alunos. Final de semestre da turma Introdução ao Direito, da qual era professor. Acerca-se de mim um aluno e me pergunta por que eu adotara, naquele semestre, o livro Lições Preliminares de Direito de Miguel Reale.

Disse-lhe as razões, mas ele não se convenceu logo. Tachou o autor citado de ‘reacionário’ e perguntou se o professor também seria.

A frase dele era carregada de ironia, mas de bom humor; tinha uma maneira carinhosa de se dirigir a gente, olhando cara a cara, num meio-tom entre riso e a ironia.

Expliquei-lhe que Reale era para mim, o melhor livro de Introdução ao Direito e, além do mais, referência bibliográfica obrigatória em qualquer universidade, inclusive lá fora. Quero eu – disse-lhe – preparar meus alunos para qualquer universidade e para me dar bem na vida profissional.

-       Mas é um reacionário, replicava ele.

Entre uma cerveja e outra, e calda de Curimatã, no Bar do Ananias, finalmente ele se convenceu das minhas ideias democráticas. Confessou-se pasmo com o que ele considerou ideias avançadas. Fazia de mim, antes, uma imagem diferente, pelo simples fato de eu adotar Miguel Reale. Ficamos quase que isolados do grupo ele e eu, a conversa, até tarde da noite.

Tornamo-nos amigos. Ele passou a ter uma admiração muito grande por mim e eu por ele, certamente uma grande revelação do Direito e um futuro grande jurista.

Juntamente com outros colegas, editou um jornal, o Lex Jus. Tal jornal mereceu de mim, com toda justiça e isenção de posicionamento, um artigo, aqui em O Norte. Ele ficou encantado com o artigo.

Não é que no artigo fizéssemos apenas elogios ao jornal. Nada disso! Havia também sugestões e críticas construtivas. No Brasil, é difícil alguém aceitar críticas, mesmo que construtivas.

Ao ligar para mim e agradecer os elogios, ele também aceitou – e agradeceu – as críticas, numa posição digna de grande homem. Pediu, inclusive, um artigo para o próximo número.

A última vez que o vi foi numa exposição que a Academia Paraibana de Letras promoveu no Shopping Manaíra, lá, convidou-me para uma foto ao lado dele, publicada no último – creio que agora último mesmo número do Lex Jus, jornal dos estudantes de Direito da Unipê.

Seu nome: Carlos Trigueiro Filho. Última notícia que tive dele, por ironia, também no Shopping Manaíra, por telefone: Houvera chegado dos Estados Unidos e atirara na cabeça.

Até o momento desta crônica, eu, como todos os que o conheciam, não consigo explicar tão estranho ato de criatura tão jovem, tão cheio de vida e disposição para o Direito.

Inexplicáveis desígnios da criatura humana. Talvez houvesse lágrimas internas, não se sabe. Só ele poderia responder se havia, como diria o poeta Raimundo Correia, lágrimas que rolam pela face e outras pelo coração. Mas calou. Deixando-nos todos mudos e perplexos”.

 

Sandro Meira Wanderley

(Casa do Professor – 07 de agosto de 1999)

 

“Carlos: meu caro primo.

Depois de tanto tempo, já não há sentido em apresentar condolências.

Pretendo que você receba – e aceite – minha presença a missa, como uma espécie de mea culpa por minha ausência em momentos difíceis que vocês – os Meira Trigueiro – viveram.

Culpa, talvez não fosse bem o termo. Sinto mais um certo sentimento de haver sido ingrato com toda a família. E em diferentes oportunidades, desde o falecimento do patriarca.

Sabe bem você como é a vida de quem luta pela vida. Sei mais eu, de como é a luta dos que lutam para transformar a vida ao seu redor.

Sempre fui um viciado em trabalho e na ‘militância’ polytique. Mais ainda me empenhei e me empenho na árida missão de ser pai, que consiste em se esforçar para se tornar desnecessário.

Quando a dor lhe tocou por ocasião da passagem de Kakito, minha mãe, Eulália, jazia num leite de hospital com minha assistência e a de Hertha, alternadas. Em casa eu curtia/sofria a gravidez da minha companheira Verônica.

Não lia jornal, não ouvia rádio, não assistia televisão.

Vim saber do ocorrido, muito tempo após. Faleceram-me recursos do Ego, para, mesmo compungido, apresentar-lhes minha solidariedade.

Faça-o agora perante alguns de meus parentes mais próximos de meu querido sertão. Sou sertanejo, mas, choro. Como agora e como quando soube do ocorrido. Dói-me mais ainda, quando me lembro de quanto vocês foram solidários conosco, por ocasião da morte de Allyrio, meu pai, em especial o velho tabeliã e nossa querida Leonor.

Creio em Deus e, perante Ele, compareci com minhas orações e meu proteste respeitoso por ceifar uma árvore tão viçosa, tão jovem e que já havia dado mostras de sua produtividade.

Deus sabe, porém, o que faz. Deus constrói, arquiteto e engenheiro do mundo e da vida. Somos, os que cremos, pedreiros e ajudantes.

Receba o meu braço. Recebam todos vocês os nossos abraços – os abraços de todos da família Meira Wanderley.

Atenciosamente,

Sandro”.

 

 

 

 

Nadja Palitó

Kakito, um ano sem você

(Artigo publicado no jornal O Norte em 09 de agosto de 1997)

 

“Faz exatamente um ano que tento escrever sobre você, Kakito, mas não consigo, o sentimento sufoca e afoga de lágrimas todas as palavras, confundindo assim o que tenho a dizer.

Só que ontem fez um ano sem você, um ano da sua nova moradia, lá no céu, com certeza, distante de nós, e ao mesmo tempo sempre prisioneiro dos nossos corações.

Para quem não conhecia Kakito, como era chamado por nós, carinhosamente, devo informar que se tratava de um jovem acadêmico de Direito, chamado Carlos Trigueiro Filho. Menino ainda, praticamente, mas já preocupado com este mundo conturbado, fez um jornalzinho na Faculdade do UNIPÊ, onde estudava estando sempre presente em atos públicos, entrevistando pessoas, informando-se e informando os colegas do que passava neste país.

Eu vi Kakito nascer, sempre magrinho, curioso, interessado por tudo. 

Na faculdade só deixou amigos, admiradores e muitas saudades, foi um aluno exemplar preocupado com o mundo, sobretudo, escrevia também nos jornais locais, revoltava-se com injustiças sociais, e lutava contra elas.

Seus pais, Ângela e Carlos, conheço desde quando namoravam, amigos de longos anos e do coração.

Ontem, na Missa de um ano sem Kakito, olhei fixamente para os dois, sentados, curvados de dor, transpassados de emoções, e lembrei do tempo de namoro e do noivado de ambos, e, então, imaginei que é preciso ser muito forte, ter Deus acima de tudo para suportar tamanha dor.

Ao mesmo tempo, concluí que foi um grande privilégio que Deus lhes concedeu, pois diretamente conviveram com alguém tão puro, tão dadivoso, generoso e humano como Kakito. Portanto, vamos respirar fundo e continuar lutando pela melhoria do nosso país, pelos que sofrem, este era o grande ideal de Kakito, e fazendo isso, estaremos nos confortando e mantendo-o sempre vivo em nossas vidas.

Creio então, que Kakito deixou essa grande mensagem de lutas e ideário de Justiça, legado que todos nós deveremos preservar com respeito e disposição. Pois, só assim, teremos um lenitivo para esta ausência tão precoce.

Por todos que sempre lhe amarão ...

Fã de Kakito”.

 

Olivan Xavier - 12 de agosto de 1996 

Ode a Carlos Trigueiro Filho (Kakito)

“Inusitadamente,

Num gesto sem explicação,

Tu partiste sem ao menos dizer adeus.

Depois é que entendemos:

A tua pressa era divina,

Já que Deus não faz nada errado

E como decerias a qualquer tempo estar com Ele,

Apenas te levou mais cedo do que se esperava.

No entanto, não te esqueças do recado da tua mãe:

‘ – Quando estiveres ao lado de Deus,

Meu querido Kakito, diga-lhe que foste tu,

Um dos melhores presentes que Ele me deu!’.

 

Carta da amiga Constância 

(Natal – RN, 31 de julho de 1996. Esta carta foi escrita no dia do acidente de Kakito e ela veio de Natal para entregar a gente) 

“Faz apenas meia hora que não lhe vejo, mas a certeza que não lhe verei esse fim de semana ja me corrói ... Este trecho foi tirado de um bilhete seu que recebi e que adorei. Achava então que seríamos inseparáveis, que já dependíamos um do outro, que a nossa amizade era intensa. Senti-me importante! Vi que eu era correspondida no carinho que sentia por você. Notei que a falta que estava me incomodando naquele momento não era só minha, entende?

Só que pior um motivo desconhecido fomos nos afastando, lá mesmo em Sousa (estudaram juntos em Sousa, cidade do sertão da Paraíba, onde cursaram o 1º ano do curso de Direito da UFPB. Depois Kakito se transferiu para o UNIPÊ). Eu estava muito preocupada, já tinha me apegado muito a você. E a menina que pensava que tudo seria eterno, que esquecera de que a vida é feita de momentos, vem tudo diminuir.

Aí, amigo, você foi embora. Eu já não era a mesma. Eu sentia falta do seu bom-dia, do seu sorriso, de ouvir suas músicas de MPB, de receber bilhetinhos carinhosos no meio da aula chamando para irmos jogar baralho (nunca mais ganhei uma partida sem você me ‘ajudando’, dos nossos estudos, dos nossos debates, ah... Dos nossos ideais. Sabe, a gente os tinha parecidos, embora os caminhos imaginados para obtê-los fossem um pouco distantes.

Você lembra quando nos conhecemos? Quando nos aproximamos mais? Vou recordar um pouco.

Eu vinha aperriada para trocar um dinheiro e pagar a passagem de uma senhora cujo filho estava doente. Aí você me socorreu.

Naquele momento, logo percebi que estava diante de uma pessoa não ‘ainda’ especial para mim, mas diferente.

Admiro-llhe Kakito, pelo seu carisma, inteligência, meiquice e, principalmente, pelo seu cárater que o diferencia da maioria dos ‘meninos’ da sua idade e lhe torna um grande homem.

Você sabe que continuo sendo sua amiga. Não uma amiga – enfeite (a conhecida), mas sim, uma pessoa que estará sempre a lhe estender as mãos, seja para socorrer, seja para pedir arrego.

Quando o ursinho (que tomei a liberdade de batizar com o meu apelido: Nana, representa uma menina que você conheceu e que continua a ser sonhadora de um mundo cor-de-rosa, para no momento em que ela deixar de crer na existência desse mundo sua vida perderá o sabor.

Pois você é um líder, já não posso mais ficar ao seu lado como outrora, mas desejo que Nana fique. Quero que saiba que o meu pensamento está sempre próximo as pessoas que gosto e admiro, logo, ele também está aí com você.

P.S.: Ainda rezo pelo seu sucesso e felicidade.

Um beijo grande,

Constância”.

Após a morte de Kakito recebemos várias manifestações de condolências e votos de pesar, através de telegramas e notas oficiais. Entre elas, elenco a seguir: Governo do Estado da Paraíba; Assembléia Legislativa da Paraíba; Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão do UNIPÊ; Conselho Universitário da UFPB; Conselho do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFPB; Conselho Estadual de Educação da Paraíba; Sistema Correio da Paraíba; UNIMEDs: Rio Grande do Norte, Natal, Caicó, Pau dos Ferros, Recife, Campina Grande, Mossoró, Fortaleza, Arapiraca, Sousa, Patos, Maceió, Aracaju, Salvador, Amazônia Oriental, Minas Gerais e Belém; Centro Hospitalar Albert Sabin (Recife); Faculdade de Direito da UFPB (Sousa); Centro de Ciências Jurídicas da UFPB; Centro de Convenções Raimundo Asfora (Campina Grande); Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego; Antares Publicidade Ltda; GCA Publicidade Ltda; Laboratório Maurílio de Almeida Ltda; Atacadão de Mangabeira (João Pessoa); Colégio Colibri Ltda; Gadelha Palace Hotel (Sousa) e Rotary Clube João Pessoa Norte.


Carta de Kakito enviada para Ariadne (Iowa, 07/07/1996)

“Ariadne, (Não vale):

Aqui está tudo bem,

Apesar de tua lentidão.

Para sua carta poder ler,

Esperei um montão.

 

Semanas, se passaram

E notícias suas não recebi.

Certamente vais dizer

Oh!, Kakito, é que te esqueci!

 

Finalmente escrevestes.

E para provar que não te esqueci,

Um segredo eu vou contar:

Um urso muitíssimo bonito,

O mais bonito que já vi,

Eu comprei para te dar.

 

Mais não posso escever,

Pois o espaço não dá.

Mas espere ver quando eu aí chegar.

Os cartões que vais receber por deixar me esperar”.


Kakito em Londres

No primeiro trimestre de 1995, Kakito através de um intercâmbio escolar (EF International Language Schools), morou em Londres. Residiu em casa tipicamente inglesa, cuja proprietária era a Mrs. Kersh, situada na 18 Lakeland Close, Chiguell Row, London IG 4QU.



Kakito e Mrs. Kersh.

Com ele também moravam dois estudantes estrangeiros, matriculados no mesmo curso, cujo nomes e origens eram: Raul (mexicano) e Tatiana (alemã). 


Kakito e Raul



Kakito e Tatiana

 

Os hóspedes da casa, inclusive Kakito, participavam de todas as atividades domésticas, como por exemplo, lavar e passar as roupas, cozinhar, limpar o jardim, entre outras atividades.

Durante a estada de Kakito em Londres, ele contou com o apoio do casal amigo Luciano Maia e Débora Julinda, na época, o casal estavam realizando cursos de pós-graduação.



Kakito e Linda




Kakito em Londres. 

Kakito aproveitou alguns fins de semana para conhecer outras cidades e países. Visitou as cidades de Oxford, Brigton e Cambridge na Inglaterra; Amsterdam na Holanda e Edimburg na Escócia. “Puxou” aos pais. Gostava de viajar e conhecer novos lugares.




Kakito em Amsterdam



Kakito em Cambridge



Kakito na Escócia.


Kakito nos Estados Unidos

Nos primeiros meses do ano de 1996, Kakito foi morar nos Estados Unidos, na cidade de Des Moines no Estado Iowa. Ficou hospedado na residência de Susan e Mark MahoneySusan é a irmã americana de Ângela e o relacionamento entre nossas famílias já dura mais de quarenta anos. Ângela concluiu o curso científico nos Estados Unidos e, era hospede dos pais de Susan.



Kakito com pais de Susan.


Kakito, Mark e Susan.




Kakito e familiares de Susan



Kakito e familiares de Susan.

Como estudante universitário, Kakito, desempenhou diversas atividades no UNIPÊ. Criou o Jornal Lex Jus e coordenou vários seminários sobre assuntos jurídicos, como um dos dirigentes do Centro Acadêmico dessa Universidade.





Jornal Lex Jus.



Jornal Lex Jus.



Concluiria o curso de Direito no segundo semestre do ano de 1999. Infelizmente interrompido... Seus colegas de turma prestaram uma linda homenagem nas festividades de colação de grau. No convite dos graduandos colocaram uma página – Memorial a Carlos Trigueiro Filho.




Memorial a Carlos Trigueiro Filho (Kakito)


21.2. Kell

 

            Nossa querida filha, Raquel Pessoa Trigueiro (Kell), nasceu em 11 de março de 1980, na maternidade Roberto Granville em João Pessoa. Desde a infância, mantém estreita amizade com os primos e primas, tanto é assim, que é madrinha de vários sobrinhos dentro dos quais, são seus afilhados:

- Larissa filha de Germanna Trigueiro e Eduardo Betencourt;

- Antônio filho de Fabinho Pessoa e Amanda;

- Daniel filho do nosso afilhado Paulinho Palitot e Mardônia.

Kell fez a alfabetização até o ensino médio nos Colégios Colibri e Athenas. Prestou vestibular para o curso de Administração de Empresas no UNIPÊ, onde concluiu só o primeiro semestre. Depois, se transferiu para o Instituto Paraibano de Educação (FAP) vindo, em 2007, a colar grau como Bacharel em Comunicação Social. Trabalhou como assessora na Assembleia Legislativa da Paraíba, nos gabinetes dos Deputados Chica Motta e Nabor Wanderley, como também no Laboratório Maurílio de Almeida LTDA, como autônoma.

            Assim como Kakito sempre se mostrou muito alegre e extrovertida, além de disciplinada, organizada, religiosa e de gostar de fazer muitas amizades e realizar trabalhos voluntários na Igreja.


 


Kell e colegas da Igreja com o Pároco.



No dia a dia, ela é a responsável pela administração da nossa residência, como também tem interesse juntamente conosco em administrar o nosso pequeno patrimônio. Participa ativamente no planejamento de nossas viagens turísticas etc.

            Tem um “xodó” por Miguel filho de Chrys Pessoa e Gonçalo Vicente. Essa herança herdou de mamãe (Amélia) por mim. Miguel é o “Príncipe” da nossa casa, tudo devido a Kell.

            Apesar de ter tido alguns namorados não consolidou com nenhum deles.

            Na atualidade tem como principais hobbys, à prática de caminhada pelas calçadas das praias do Cabo Branco e Tambaú etc., assim como os pais gosta de assistir filmes e de viajar pelo mundo.

Kell, é portadora de dislexia, mas, mesmo assim é uma vitoriosa e um grande orgulho para toda família. Sempre se superando, de modo próprio, os obstáculos da vida. 

Dislexia é um de jeito de ser e de aprender – reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e genial, mais comum do que se pode imaginar. Segundo a ONU, de 5% a 17%, da população mundial é disléxica. Os portadores de dislexia têm dificuldades na linguagem e/ou leitura, como também nos cálculos matemáticos.

Na Paraíba, 12% da população, segundo o IBGE, pelo censo de 2007, que corresponde a aproximadamente 450.000 paraibanos são considerados disléxicos.

Quando descobrimos passei a estudar sobre o assunto. O que é Dislexia? Walt Disney, Leonardo da Vinci, Albert Einstein, Charles Darwin, Nelson Rockefeller, Alexander Graham Bell, Hans Christian Andersen, Thomas Edison e Agatha Christie, todos, gênios em seus campos de atuação, desde a física quântica ao cinema e literatura, tinham uma dificuldade em comum: eram portadores de dislexia.

Dominando em parte o assunto comecei a trabalhar com os dirigentes dos colégios, onde Kell estudava. Fiz e ainda faço palestras sobre o assunto. E, com isso, pioneiramente, tenho ajudado a muita gente. Diva, a coordenadora acadêmica dos colégios, também começou a se interessar pelo assunto, o que ajudou muito a Kell a concluir os cursos ministrados naquelas instituições. Aqui registro meus sinceros agradecimentos às professoras e amigas, Lúcia e Diva.





Kell na Formatura do Curso em Comunicação Social





Colegas de turma na Formatura.



Elaborei minuta do Projeto Lei, sobre a dislexia, por solicitação da Deputada Francisca Motta, conterrânea e amiga, que a apresentou na Assembleia Legislativa da Paraíba, sendo foi aprovado, por unanimidade, e sancionado pelo Governador José Targino Maranhão. Decreto Nº 31.907, de 16 de dezembro de 2010, conforme Diário Oficial abaixo.




Diário Oficial - Decreto Lei



Por fim, Kell tem um temperamento completamente diferente de Kakito. “Puxou” muito a Mamãe (Amélia). Como diz Judith, minha mana: “é madrinha Amélia todinha”.

Diante dessa realidade da vida, aprendemos que nada é eterno e cada individuo é uma realidade. A felicidade é tênue e temos que aproveitar no máximo, todos os momentos felizes da vida. Viva a vida!