CAPÍTULO 19
ACADEMIA PARAIBANA DE CINEMA (APC)
A Academia Paraibana de Cinema é uma instituição civil, sem fins lucrativos, com sede em João Pessoa (PB), composta de 50 cadeiras, ocupadas em caráter vitalício por paraibanos, ou não, desde que tenham prestado ou prestam relevantes serviços ao cinema na Paraíba.
As principais finalidades da APC são: 1) congregar paraibanos que têm vivência com a cinematografia ou produzem obras utilizando a imagem em movimento; 2) lutar pela preservação, salvaguarda e divulgação do cinema na Paraíba; e 3) contribuir para o aprimoramento do cinema e mídias congêneres, buscando a valorização dos seus aspectos artísticos, culturais, científicos e humanos.
Fundada em 12 de dezembro de 2008, em uma solenidade no Centro de Convenções do Hotel Tambaú, em João Pessoa, Paraíba.
A primeira diretoria da APC foi constituída pelo criador Wills Leal (Presidente); Alex Santos (Vice-Presidente); Moacir Barbosa (Secretário-Geral); e José Bezerra (Administrativo e Finanças). Exerci com muito orgulho o cargo de Diretor de Finanças da Academia (2015/2017).
19.1. Os patronos e ocupantes das diversas cadeiras são:
Cadeira 1: Patrono: Nicola Maria Parente – Ocupante: Vaga com o falecimento do Acadêmico Linduarte Noronha.
Cadeira 2: Patrono: Walfredo Rodriguez – Ocupante: Vladimir Carvalho.
Cadeira 3: Patrono: Alberto Leal – Ocupante: Vaga com o falecimento de Balduino Lelis.
Cadeira 4: Patrono: Péricles Leal – Ocupante: Vaga com o falecimento de Wills Leal.
Cadeira 5: Patrono: Severino Alexandre – Ocupante: Alex Santos.
Cadeira 6: Patrono: Eimar Svendsen – Ocupante: Zezita Matos.
Cadeira 7: Patrono: Lourenço F. (Cabiba) – Ocupante: Vaga com o falecimento de Moacir S. Barbosa.
Cadeira 8: Patrono: Manoel Henrique Sá – Ocupante: Ivan Araújo Costa.
Cadeira 9: Patrono: Bispo D. Antônio Fragoso – Ocupante: Durval Leal.
Cadeira 10: Patrono: Vírginius da Gama Melo – Ocupante: Damião Cavalcanti.
Cadeira 11: Patrono: Rucker Vieira – Ocupante: Vaga com o falecimento de Walter Galvão.
Cadeira 12: Patrono: Assis Chateaubriand – Ocupante: Mirabeau Dias.
Cadeira 13: Patrono: Eduardo Pinto Lemos – Ocupante: Matheus Andrade.
Cadeira 14: Patrono: João Córdula – Ocupante: João de Lima Gomes.
Cadeira 15: Patrono: Jurandy Moura – Ocupante: Fernando Teixeira.
Cadeira 16: Patrono: Pedro Honorato – Ocupante: Manoel Jaime Xavier.
Cadeira 17: Patrono: Gratuliano de Brito – Ocupante: Walter Carvalho.
Cadeira 18: Patrono: Antônio Barreto Neto – Ocupante: João Batista de Brito.
Cadeira 19: Patrono: Damásio Franca – Ocupante: Arion Farias.
Cadeira 20: Patrono: Celso Furtado – Ocupante: José Neumanne Pinto.
Cadeira 21: Patrono: Pedro Santos – Ocupante: Marcus Villar.
Cadeira 22: Patrono: Ronaldo Dinoá – Ocupante: Bráulio Tavares.
Cadeira 23: Patrono: Luciano Wanderley – Ocupante: Renato Felix.
Cadeira 24: Patrono: Rodrigo Rochou – Ocupante: Lúcio Villar.
Cadeira 25: Patrono: Galba Mesquita – Ocupante: Marcos Ubiratan.
Cadeira 26: Patrono: José Urquiza – Ocupante: Fernando Falcone.
Cadeira 27: Patrono: Jarbas Barbosa – Ocupante: Shirley Martins.
Cadeira 28: Patrono: Machado Bitencourt – Ocupante: Vaga com o falecimento de Pedro Nunes Filho.
Cadeira 29: Patrono: João Ramiro Mello – Ocupante: Vaga com falecimento de Manfredo Caldas.
Cadeira 30: Patrono: Ednaldo do Egito – Ocupante: Jomar Souto.
Cadeira 31: Patrono: Sóter Farias – Ocupante: Romero Azevedo.
Cadeira 32: Patrono: Waldemar Duarte – Ocupante: José Joffily Filho.
Cadeira 33: Patrono: Nautilia Mendonça – Ocupante: Marcélia Cartaxo.
Cadeira 34: Patrono: Cilaio Ribeiro – Ocupante: Luiz Carlos Vasconcelos.
Cadeira 35: Patrono: Margarida Cardoso – Ocupante: Vânia Perazzo.
Cadeira 36: Patrono: Newton Monteiro – Ocupante: Marcos Pires.
Cadeira 37: Patrono: Geraldo Carvalho – Ocupante: Carlos Aranha.
Cadeira 38: Patrono: Odilon Felisberto – Ocupante: Rômulo Azevedo.
Cadeira 39: Patrono: Múcio Wanderley – Ocupante: Silvino Espínola.
Cadeira 40: Patrono: João Bichara – Ocupante: Eliezer Leite Rolim.
Cadeira 41: Patrono: Antônio Serafim – Ocupante: José Bezerra Filho.
Cadeira 42: Patrono: José Rafael Menezes – Ocupante: Jomard de Britto.
Cadeira 43: Patrono: Paulo Pontes – Ocupante: Deodato Borges Filho.
Cadeira 44: Patrono: José Lins do Rego – Ocupante: Vaga com falecimento de Iveraldo Lucena.
Cadeira 45: Patrono: Hilton Mota – Ocupante: Heleno B. Campelo.
Cadeira 46: Patrono: José A. De Almeida – Ocupante: Bertrand Lira.
Cadeira 47: Patrono: Francisco Pereira – Ocupante: Ralf Luna.
Cadeira 48: Patrono: Agripino Cavalcanti – Ocupante: Carlos Meira Trigueiro.
Cadeira 49: Patrono: Adalberto Barreto – Ocupante: João Carlos Beltrão.
Cadeira 50: Patrono: Ivan de Oliveira – Ocupante: Eli-Eri Moura.
Recebendo cumprimentos dos membros da mesa diretora.
Recebendo o diploma das mãos de Lilian filha do Sr. Agripino Cavalcanti.
19.2. Tributo ao Patrono da Cadeira n° 48
Foi uma homenagem muito justa da Academia Paraibana de Cinema ao escolher para patrono da Cadeira 48 o Senhor Agripino Cavalcanti, que difundiu a cultura da sétima arte e seus segredos, na cidade de Patos. Sua luta em popularizar o cinema, no sertão do Estado da Paraíba, sempre busquei divulgar em jornais da capital e nos informes da Academia Paraibana de Cinema (APC).
O cinema estava no sangue de Agripino, pois seus pais já eram proprietário de cinema na cidade de Campina Grande.
Para realizar os seus sonhos, disciplinado, educado, habilidoso, culto e dominando os idiomas inglês, francês, italiano e espanhol, resolve residir em Patos, sertão da Paraíba. Contraiu matrimonio com Dona Lili, formaram uma família distinta, composta dos filhos: Lilian, Marlene, Maria José, Tânia Lúcia e o varão Getúlio “in memoriam”, dileto colega de ginásio e travessuras nas ruas de Patos. Moravam na minha rua, salvo memória, na Venâncio Neiva, àquela que começa ao lado da Catedral de Nossa Senhora da Guia e termina no Colégio Cristo Rei - eu apelidava a rua como a “Rua das Viúvas” Vovó Tessa, Dona Anatilde Ayres e Dona Madalena Chaves, senhoras guerreiras e vencedoras de uma respeitabilidade incontestável. Minha casa era na esquina com a Rua Grande, ou seja, a Epitácio Pessoa, e nos meus primeiros anos de vida, diariamente recebia os respeitosos cumprimentos de um bom dia, do Sr. Agripino ao passar para o seu escritório.
O senhor Agripino chamava a atenção pelo seu porte e elegância. Um verdadeiro Lorde Inglês. Um intelectual. Em uma das mãos sempre levava um jornal ou um livro, além de um guarda sol preto para se proteger do calor dos 40º da Morada do Sol.
Com seu espírito empreendedor, em 1934, instalou na cidade, o Cine Eldorado, nas confluências da Avenida Sólon de Lucena com a Rua Tiradentes.
O primeiro cinema operando em 35 mm, igual aos das grandes capitais, com instalações e mobiliários dos mais modernos no mercado da época. O filme da inauguração foi “O Sheik” (1929), com Rodolfo Valentino, um dos astros mais famosos do cinema mudo. Com o sucesso conseguido junto à população e com o apoio da Prefeitura Municipal, o empresário inaugura outro Cinema, desta vez na Rua do Prado. Mais tarde constatou que a cidade não comportava dois cinemas, inviabilizando a manutenção e operação do Cine Prado, culminando com o cerramento de suas portas.
No início dos anos 40, acreditando no crescimento e futuro de Patos, o Sr. Agripino convida o Sr. Joaquim Araújo, um homem sério, empresário, especialista em eletrotécnica e eletricidade, para constituírem uma sociedade, investindo na construção de um espaço mais atraente e adequado, capaz de proporcionar maior conforto aos que se destinavam ao lazer, inaugurando o novo Cine Eldorado na Rua Pedro Firmino. As novas instalações foram projetadas e programadas para exibição de filmes top de linha. Sua edificação teve início em 1942 e foi inaugurada em 09 de fevereiro de 1946, com o filme “A Sutana da Sorte”, estrelado pela grande atriz Doroty Lamor. Os ingressos para a moderna casa tinham preço de quatro mil réis.
Com instalações amplas e modernas, surgia um novo horizonte para o cinema em Patos. A população, já bem mais politizada e sensibilizada com os cartazes evoluindo em meio ao progresso e a adesão dos habitantes de Patos, que comparecia em massa às sessões, deram autossuficiência ao empreendimento. Uma observação importante era a distribuição dos espectadores: nas primeiras filas em frente à tela de exibição ficavam os rapazes e moças; nas filas do meio do cinema ficavam os casais de namorados e frequentadores das classes A e B; e nas últimas filas, as classes C e D. Existia, também, um sótão, com aproximadamente 12 cadeiras, que eram ocupadas pelas “mocinhas do Cabaré de Elpídio”.
Vale destacar que essa distribuição da plateia não foi determinada pelos proprietários e em função do carisma de alguns assíduos frequentadores a exemplo de Zezin Pintor que não tirava o chapéu da cabeça, e lia em voz alta a legenda, Nêgo Côco, Vicente Pinguelão, Codó, Antônio Palmeira, Carlito Leila, Eugenio Paccheli, que na realidade eram coparticipantes das cenas projetadas, faziam até apostas de qual bandido morria primeiro. A plateia era na realidade a maior diversão nos filmes de Faroeste. Até hoje me lembro dessas cenas!
As sessões começavam, pontualmente, às 19hs00, todos os dias da semana. Nos domingos e feriados ocorriam às matinês que tinham início às 15hs00, o preço do ingresso com desconto de 50%. Nas quintas-feiras, logo após a exibição do filme da noite, eram veiculadas as “séries” (como as novelas atuais, por capítulos), entre elas se destacavam: O Segredo da Ilha do Tesouro, O Falcão e A Caverna. Essa era uma das estratégias de marketing do Sr. Agripino de manter sempre a “casa cheia”. Ademais, usava também como estratégia de marketing alugar aos concluintes do Colégio Diocesano a sala para exibições especiais, onde os alunos ficavam responsáveis de vender os ingressos e divulgar o filme. O dinheiro arrecadado com a bilheteria, 50% ficavam para os concluintes arcarem com as despesas das festas de formatura do curso ginasial daquele educandário.
Nas décadas de 50 a 70, os anos dourados do cinema, foram exibidos memoráveis filmes produzidos pela indústria de Hollywood. Nessa época como já citei em capítulo anterior, eu e mamãe Amélia, fomos morar com papai e mamãe Nonô, na rua Pedro Firmino, pertinho do Cine Eldorado, vizinho de Sr. Joaquim Araújo, cujo filhos Eriberto e Érico eram estimados companheiros e amigo de infância. Nessas circunstâncias, o cinema passou a ser praticamente uma extensão da minha casa, sabia de toda a sua programação de entretimento. Dois dias na semana chegavam nos ônibus da Gaivota, os filmes novos que estavam anunciados nos cartazes. Quem ia apanhar era o Mudo, figura fantástica, portador de necessidade especial, mas de uma dedicação ao trabalho exemplar. Ele pegava um carro de mão e ia até a parada de ônibus que distava uns trezentos metros, nas dependências do Hotel Central do Sr. Estevão. Eu acompanhava seus passos, e na volta, através da mímica, ficava sabendo das novidades.
Entre os vários filmes exibidos que assisti, destacaram-se os seguintes: as películas do Cinema Mudo, com os talentosos Charlie Chapin, Harry Langdon e Stan Laurel e Oliver Hardy. A Marca do Zorro, Robin Hood, O Ladrão de Bagdá, Cantando na Chuva, O Vento levou, King Kong, Tarzan - o filho das selvas, No tempo das diligências, Sansão e Dalila, Os Sinos de Santa Maria, Duelo ao Sol, Casablanca, Marcelino Pão e Vinho, Rosa de Esperança, Cidadão Kane, Os Dez Mandamentos, À volta ao mundo em 80 dias, O Manto Sagrado, A um passo da eternidade, Sindicato de Ladrões, A ponte do rio Kwai, Juventude Transviada, Assim caminha a humanidade; as comédias da Atlântica, as chanchadas onde se destacavam os atores Oscarito, Grande Otelo, Ankito, Costinha, Mazaropi, Cyll Farney, Anselmo Duarte, e Eliane, entre muitos outros talentos do cinema brasileiro.
A similaridade do semiárido nordestino com a aridez do oeste americano levou o Cine Eldorado se especializar no “faroeste”. Duas a três vezes por semana eram exibidos filmes desse gênero. Quando se anunciava um filme com o astro John Wayne, a casa ficava cheia e, muitas vezes, seria reprisado em uma segunda sessão. Praticamente, todos os grandes filmes de faroeste foram exibidos na casa do “seu Agripino”. Lembramos, por exemplo: Rio Vermelho, no Tempo das Diligências, Rastro de ódios, Sete homens e um destino, Meu ódio será sua herança, Era uma vez no Oeste, Os imperdoáveis etc.
Na exibição desses filmes, normalmente registrava-se um fato pitoresco da personalidade do “seu” Agripino. Assim, quando o “bandido ou vilão” começava apanhar do galã do filme, a plateia fazia a maior algazarra. Então, “seu” Agripino parava a exibição do filme e subia no palco para dar uma verdadeira aula de educação e da importância do cinema na formação cultural das pessoas, dizia: “quando o bandido estiver apanhando aplaudam, batam palmas, não gritem e assobiem isso fica para moleques de gravatas, temos que mostrar aos visitantes de nossa terra que somos civilizados e educados, somos patoenses”.
Após esses discursos, seguia-se uma salva de palma dos repreendidos o que deixava o educador vivamente feliz. Teve um fato marcante, trágico e hilariante ao mesmo tempo, na colagem das partes de um faroeste de Rock Lane, o Mudo que fazia a montagem se atrapalhou e colocou a penúltima parte logo após a primeira. Foi um espanto, Rock Lane matou o Chefe dos Bandidos logo no começo.
Zezinho Pintor frequentador número um de faroeste, gritou: “Eita esse filme tem alguma coisa errada, num pode o bandido morrer logo no começo!”. E não deu outra, no capítulo seguinte aparece o bandido vivo, foi uma rizada geral, transformando-se numa baderna entre os expectadores dentro da sala, cadeiras quebradas e exibição paralisada. Agripino quase enfarta. Resultado: Duas semanas sem filmes, foi um duro castigo ficar sem diversão por tão longo período.
Agripino sempre acompanhava as tendências da indústria do cinema. No ano de 1957, o Cine Eldorado inaugurou moderno equipamento de Cinemascope, ocasião em que foi exibido o filme “Désirée: O Amor de Napoleão”, com Marlon Brando e Jean Simons. Para assinalar o acontecimento foi publicado um folder, contendo matérias sobre a sétima arte, agradecimentos aos colaboradores, aconselhamentos a respeito de como se comportar na sala de projeções.
O novo equipamento possuía as seguintes características: Projetores Scopus VIII, projeção de alta intensidade (45 a 60 amperes) RCA; equipamento sonoro Phillips, Tela Plástica TOP-AZ5x11ms, Scope ótico com nove alto falantes para efeitos estereofônicos. Dessa forma, nivelou Patos com as grandes capitais do Brasil, e foi possível exibir filmes de longa duração como Ben Hur, Os Dez Mandamentos, Lawrence da Arábia, todos eles tinham uma parada para colocar o segundo rolo, aparecia na tela à palavra “Intermezzo”essa pausa programada dentro do próprio filme, que ficava tocando o tema musical correspondente, didaticamente era a hora para ir à toalete ou sair para fumar, dar aquela aliviada nas emoções.
Graças a Agripino começamos não só eu, como grande parte dos jovens de Patos, a gostar de cinema. Recentemente, tivemos a oportunidade de visitar alguns estúdios de Hollywood, passear nas calçadas da fama de Hollywood e Hong Kong, conforme fotos a seguir. Evidentemente, conhecemos muito bem a Roliúde Nordestina, criação do presidente da Academia Paraibana de Cinema, Wills Leal. Modestamente, temos uma cinemateca com mais de 300 filmes em DVD. E foi com muita honra assumir a cadeira 48 que tem como patrono Agripino Cavalcanti.
A história do cinema na cidade de Patos na Paraíba está conectada a ilustre personalidade ímpar de Agripino Cavalcanti Albuquerque e sua equipe, nas pessoas de Julio Paulo, Zito e o Mudo e do sócio Joaquim Araújo.
19.3. Osvaldo e sua lâmpada maravilhosa:
Todos os dias papai religiosamente frequentava o cinema para assistir ao filme ou, simplesmente, dormir durante a exibição.
Esse “modus operandi” de vida, contagiou todos os seus filhos, que passaram a gostar e comparecer com certa assiduidade ao cinema. Geralmente após a matinê, embalados pelas emoções vividas, eu com meus irmãos Fernando, Osvaldo e George, mais os vizinhos Erico filho de seu Joaquim – um dos proprietários do cinema; Hélio, Múcio e Dário Moura, Roberto e Ruy Pontes, Abimar e David Carneiro, Garibaldi Soares, Dinaldo Wanderley, Jarbas e Peron Borges, Érico Araújo, Iran e Beto Carneiro, entre outros, íamos produzir a nossa versão onde o difícil era definir quem ia ser o vilão. Se o filme era um faroeste o cenário era na mina de berilo, no local onde hoje estão as casas de Dr. Clovis e Dr. Nabor; se fosse de Tarzan, pulávamos o muro do Grupo Escolar Rio Branco e íamos nos pendurar e pular nos galhos dos pés de figos, numa dessas travessuras Dinaldo, quebrou os dois braços; se o filme era da caverna do fantasma, o cenário era atravessar o bueiro, galeria d’água, que começava na rua Rio Branco, atrás do cinema e saia próximo do posto de puericultura João Olintho; finalmente se assistíamos o canal 100, que era um resumo das partidas de futebol do campeonato carioca, narrado por Luís Jatobá, quando passava Vasco e Flamengo, corríamos com uma bola para o campo da CICA. O cinema mexia fortemente com o nosso espírito aventureiro e criativo.
Algumas tardes quando já tinha cumprido as obrigações escolares eu ia visitar “seu Agripino” na sua sala num anexo do cinema. Lá ele me explicava detalhes como eram feitos os filmes, a logística de distribuição, a escolha das locações, o desempenho dos artistas, entre outras coisas. Dava-me também, pedaços de fitas que tinham quebrado durante as exibições. Para mim era um verdadeiro tesouro e guardava com todo cuidado.
Naquele tempo, os meninos eram criativos e habilidosos, principalmente em se tratando de fazer brinquedos. Aproveitávamos de latas de óleos, rolamentos etc. para fabricarmos nossos brinquedos Tudo era artesanal, tínhamos como ídolo o professor Pardal do Tio Patinhas, ou o professor João Norberto, o inventor dos Patos. Na verdade, sempre estávamos inventando algo.
Osvaldo, meu irmão, ao posicionar a fita contra a luz do sol, teve a brilhante ideia de fazer um projetor. Como não tínhamos uma lente de grau para ampliar e projetar a imagem, ele pegou uma lâmpada com filamento de tungstênio, furou a base da lâmpada e com muito cuidado para não quebrar a pera de vidro transparente, retirou o filamento. Em seguida, enchia a lâmpada com água. Fez uma base retangular de madeira onde colocava os pedaços da fita. E, com uma lanterna focando sobre a fita que ficava entre a moldura e a pera de vidro, projetava num lençol branco pregado na parede. Era um sucesso! Os amigos pagavam cinco fósforos queimados para entrar no cinema.
Papai gostou tanto da ideia e, numa de suas visitas, ao Recife adquiriu um projetor de cinema de 8mm, e três rolos de filmes, quais sejam: Tarzan na Selva, Carlitos (Charles Chaplin) e os Três Mosqueteiros. Sucesso total! Todas as quartas-feiras exibia-se um filme. Dessa vez o pagamento para os amigos assistir os filmes eram fósforos queimados ou notas de cigarro, onde cada marca tinha o seu valor, Era tudo diversão. Saudades de uma infância feliz.
Zezita Mattos, Presidente atual da APC e o autor
Wills Leal no seu excelente livro “Cinema na Paraíba”, no Capítulo “Bons Cinemas em Campina ou a sua marcante participação no Brejo,”, cita na página 94, uma descrição, que aliás papai sempre nos contava o porquê de a família Trigueiro gostar tanto de cinema: Diz o fundador e primeiro presidente da Academia: “Em Guarabira, hoje a capital do Brejo, o cinema chegou em 1921, quando Sindô Trigueiro fez exibições na feira, exibindo fitas francesas, com uma velha ‘Pathé.” Papai contava também, ainda, que seu irmão, Fernando, tocava piano antes das sessões dos filmes naquela cidade
Em Assembleia Geral Ordinária da APC foi decidido a redução de 50 (cinquenta) para 40 (quarenta) Cadeiras, como também criado a categoria de Sócios Beneméritos. A seguir, nominamos os Sócios Beneméritos, assim como os Patronos/Ocupantes atuais das 40 Cadeiras da APC.
Sócios Beneméritos: Wills Leal (Fundador e Primeiro Presidente da APC); José Rafael de Menezes; José Américo de Almeida; José Lins do Rego; Paulo Pontes; Jomard Muniz de Brito; Deodato Borges Filho; Iveraldo Lucena da Costa; Alberto Leal; Balduíno Lelis; Péricles Leal; Lourenço Fonseca (Capiba); Moacir Barbosa; Ruker Vieira; Walter Galvão; Bertrand Lira; João Ramiro; Manfredo Caldas; João Bichara e Eliezer Rolim.
Cadeira 01: Nicola Maria Parente / Linduarte Noronha / Cláudio Brito
Cadeira 02: Walfredo Rodriguez / Vlademir de Carvalho
Cadeira 03: Antônio Serafim Rego / José Bezerra Filho
Cadeira 04: Agripino Cavalcanti / Carlos Meira Trigueiro
Cadeira 05: Severino Alexandre Santos / Alex Santos
Cadeira 06: Eimar Svendsen / Zezita Mattos
Cadeira 07: Adalberto Barreto / João Carlos Beltrão
Cadeira 08: Manoel Henrique de Sá / Ivan Araújo Costa
Cadeira 09: Dom Antônio Fragoso / Durval Leal
Cadeira 10: Vírginius da Gama e Melo / Damião Ramos Cavalcanti
Cadeira 11: Hilton Mota / Heleno Bernardo C. Neto
Cadeira 12: Assis Chateaubriand / Mirabeau Dias
Cadeira 13: Eduardo Pinto Lemos / Matheus Pessoa de Andrade
Cadeira 14: João Córdula / João de Lima Gomes
Cadeira 15: Jurandy Moura / Fernando Teixeira
Cadeira 16: Pedro Honorato / Manoel Jaime Xavier
Cadeira 17: José Cornélio da Silva / Walter Galvão
Cadeira 18: Antônio Barreto neto / João Batista de Brito
Cadeira 19: Damásio Franca / Arion Farias
Cadeira 20: Celso Furtado / José Nêumanne Pinto
Cadeira 21: Pedro Santos / Marcos Vilar
Cadeira 22: Ronaldo Dinoá / Bráulio Tavares
Cadeira 23: Luciano Wanderley / Renato Felix
Cadeira 24: Rodrigo Rocha / Lúcio Vilar
Cadeira 25: Galba Mesquita / Marcus Ubiratan Falcone
Cadeira 26: José Urquiza / Fernando Trevas
Cadeira 27: Jarbas Barbosa / Shirley Martins
Cadeira 28: Machado Bitencourt / Pedro Nunes Filho
Cadeira 29: Francisco Pereira Nóbrega / Rolf Luna Fonseca
Cadeira 30: Ednaldo do Egypto / Jomar Souto
Cadeira 31: Sóter Farias / Romero Azevedo
Cadeira 32: Waldemar Duarte / José Joffily Filho
Cadeira 33: Nautilia Mendonça / Marcélia Cartaxo
Cadeira 34: Cilalo Ribeiro / Luiz Carlos Vasconcelos
Cadeira 35: Margarida Caldas / Vânia Perazzo
Cadeira 36: Newton Monteiro / Marcos Pires
Cadeira 37: Geraldo Carvalho / Carlos Aranha
Cadeira 38: Odilon Felisberto (Odicine) / Rômulo Azevedo
Cadeira 39: Múcio Wanderley / Silvino Espínola
Cadeira 40: Ivan de Oliveira / Eli-Éri Moura
19.4. Sala Antônio Barreto Neto
A Academia Paraibana de Cinema (APC) criou e instalou na Fundação Casa de José Américo, onde funciona, atualmente, a sede da APC, a Sala Antônio Barreto Neto, (1938-2000), Patrono da Cadeira 18 da Academia. Barretinho como era chamado carinhosamente por seus pares foi um dos mais destacados críticos cinematográficos, formador e modelo para vários outros colegas jornalistas. Na verdade, foi uma das homenagens justa da APC na escolha do nome da sala.
19.5. Estatuto da Academia Paraibana de Cinema
19.6. Posse da nova Diretoria da APC, período 2024/2026 no Cine Mirabeau
“A nova diretoria da Academia Paraibana de Cinema, conforme previsto nos estatutos da entidade, deverá iniciar os seus trabalhos, já no início do próximo mês. Recentemente empossada a atual gestão para o triênio de 2024/2026, terá novos e sérios desafios ligados à cultura cinematográfica.
O professor João de Lima Gomes é o novo presidente da APC, contando com a participação do professor Mirabeau Dias na vice-presidência. A apoio institucional de Carlos Meira Trigueiro na direção administrativa e Fernando Trevas na tesouraria, além de Zezita Matos na secretaria geral. Para o Conselho Fiscal: Manoel Jaime Xavier, Alex Santos e João Carlos Beltrão”.
Fonte: Coisas do Cinema de Alex Santos.
Beleza ! Excelente registro da APC
ResponderExcluirObrigado
ExcluirViva Wills Leal criador da APC
ResponderExcluir👏👏👏👏👏
ExcluirParabéns Carlos Trigueiro
ResponderExcluirObrigado
ExcluirMaravilha. Gostei da sua cadeira 48. Bom saber. Gosto da sétima arte.
ResponderExcluir👏👏👏👏👏
ExcluirSucesso Carlos.
ResponderExcluirNormando Leite
Obrigado
ExcluirQue bonito esse capítulo dedicado ao cinema! Sempre digo que quem gosta de cinema é iluminado e gente de bem! Seria trechos do Cinema Paradiso fora das telas? Lembro de toda essa vizinhança que você falou! Ia nas terças/ quinta ver filme e sem contar que passava a missa do domingo no Cristo Rei pensando na hora da Matinal do Cine Eldorado! Deus me perdoava😄! Nem sabia que filme passava, mas era um mundo ( Matrix?!) que vivíamos no glamour e emoção que o cinema nos proporcionava!.
ResponderExcluirGilka Wanderley Mattos
Obrigado
ExcluirParabéns amigo Carlos , belo trabalho!!!
ResponderExcluirCarlos Vieira
Obrigado
ExcluirParabéns, Carlos!
ResponderExcluirPelo trabalho enriquecido por muitos detalhes e lembranças divertidas👏👏👏👏
Graça Costa Lima
Obrigado
ExcluirObrigado
ResponderExcluirO amigo é um historiador perfeito. Como poucos.! Parabéns!
ResponderExcluirLeonardo Gadelha
Obrigado
Excluir👏👏👏👏👏
ExcluirEstou lendo o seu livro.E excelente.No capítulo 19 ri muito.Achei muito engraçado o pagamento das entradas que vocês cobravam .Fósforos apagados.O dinheiro era muito pouco.As nossas brincadeiras eram inocentes.
ResponderExcluirMagna Meira
Obrigado
ExcluirCompadre, achei o máximo saber que Fernando(irmão de tio Carlos) tocava piano antes de começar a sessão. Eita que esse povo de Patos é Chico, viu? Klkkkk
ResponderExcluir🤣🤣🤣🤣🤣
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