XIII
Por esse tempo o doutor passou por lá e ficou admiradíssimo com a transformação do seu doente.
Esperava que ele sarasse, mas não contara com tal mudança.
Jeca o recebeu de braços abertos e apresentou-o à mulher e aos filhos.
Os meninos cresciam viçosos e viviam brincando, contentes como passarinhos.
E toda gente ali andava calçado. O caboclo ficara com tanta fé no calçado, que metera botina até nos pés dos animais caseiros!
Galinhas, patos, porcos, tudo de sapatinho nos pés! O galo, esse andava de bota e espora!
- Isso também é demais, "seu" Jeca, disse o doutor. Isso é contra a natureza!
- Bem sei. Mas quero dar um exemplo a essa caipirada bronca. Eles vêm aqui, vêem isso e não se esquecem mais da história.
XIV
Em pouco tempo os resultados foram maravilhosos. A porcada aumentou de tal modo que vinha gente de longe admirar aquilo. Jeca adquiriu um caminhão, e em vez de conduzir os porcos ao mercado pelo sistema antigo, levava-os de auto num instantinho buzinando pela estrada a fora, fon-fon! fon-fon! ...
As estradas eram péssimas; mas ele consertou-as à sua custa. Jeca parecia um doido. Só pensava em melhoramentos, progressos, coisas americanas. Aprendeu logo a ler, encheu a casa de livros e por fim tomou um professor de inglês.
- Quero falar a língua dos bifes para ir aos Estados Unidos ver como é lá a coisa.
O seu professor dizia:
- O Jeca só fala inglês agora.
Não diz porco: é pig. Não diz galinha: é hen ... Mas de álcool, nada. Antes quer ver o demônio do que um copinho da "branca" ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário