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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Jeca Tatuzinho XVI e XVII

XVI

A "Fazenda Biotônico" tornou-se famosa no País inteiro. Tudo ali era por meio do rádio e da eletricidade. Jeca, de dentro do seu escritório, tocava num botão, e o cocho do chiqueiro se enchia automaticamente de rações muito bem dosadas. Tocava noutro botão, e um repuxo de milho atraía todo o galinhame! ...

Suas roças eram ligadas por telefones. Da cadeira de balanço, na varanda, ele dava ordens aos feitores, lá longe.

Chegou a mandar buscar nos Estados unidos um aparelho de televisão.

- Quero aqui desta varanda, ver tudo que se passa em minha fazenda.

E tanto fez que viu. Jeca instalou os aparelhos e assim pôde, da sua varanda, com o charutão na boca, não só falar por meio do rádio para qualquer ponto da fazenda, como ainda ver, por meio da televisão, o que os camaradas estavam fazendo.

XVII

Ficou rico e estimado, como era natural; mas não parou aí. Resolveu ensinar o caminho da saúde aos caipiras das redondezas. Para isso montou na fazenda e vilas próximas vários POSTOS DE ANKILOSTOMINA, onde curava os doentes de amarelão e outras verminoses.

E quando algum empregado estava resfriado ou gripado, Jeca arrumava-lhe alguns comprimidos de Gripargil; se sentia dor de cabeça, alguns comprimidos de Fontol, e imediatamente o homem estava bom e pronto para todo serviço.

O seu entusiasmo era enorme. "Hei de empregar toda a minha fortuna nesta obra de saúde geral, dizia. O meu patriotismo é este. Minha divisa: Curar gente. Abaixo a bicharia! Viva o Biotônico! Viva a Ankilostomina! Viva o gripargil! Viva o Fontol!

A estes vivas o Coronel Jeca aumentou mais uma. Foi quando apareceu o grande "liquida-insetos" chamado DETEFON e ele o experimentou na miuçalha da fazenda: pulgas, percevejos, piolhos, baratas, pernilongos e moscas. deixou aquilo lá sem um só bichinho para remédio.

Não contente com isso, Jeca tomou o hábito de nunca sair a cavalo ou de automóvel sem levar a tiracolo a bomba de pulverizar o DETEFON. Entrava nos casebres de beira de caminho e antes do bom-dia punha-se a pulverizar tudo, coisas e gentes. Quando acabava dizia:

- Ninguém faz a conta dos males que estes bichinhos causam à humanidade como transmissores de moléstias ... e dava mais umas bombadas de lambujem ...

E a curar gente da roça passou Jeca toda a sua vida. Quando morreu, aos 89 anos, não teve estátua, nem grandes elogios nos jornais. Mas ninguém ainda morreu de consciência mais tranquila. Havia cumprido o seu dever até o fim.

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