Consultor Francisco Madia |
Um macaco louco e
drogado numa loja de cristais provoca menos estragos que um incompetente no
poder. Foi isso, mais ou menos isso, que aconteceu com o Brasil nas gestões
DVR, e no segundo mandato de LILS. Vocês sabem de quem estou falando. Por
favor, me poupem do sacrífico e do constrangimento em ter que escrever o nome
por inteiro desses irresponsáveis.
O desastrado no
comando leva o navio para onde quiser. Muito especialmente se tem em seu
séquito um time meia boca de oportunistas e igualmente incompetentes e
desastrados. Muitos absolutamente amorais. E assim o navio Brasil foi jogado
contra as ondas e a correnteza por pessoas que estupidamente acreditavam poder
tudo. E deu no que deu.
No meio das
intempéries e dos balanços uma empresa com mais de 60 anos de história, e
referência em seu território de atuação.
“Fundada em 1952,
pelo romeno José Nacht, a Mills começa a importar tubos e demais equipamentos
tubulares da Echafaudages Tubulaires Mills. É o início da Mills, pioneira em andaimes
tubulares e escoramento de aço no Brasil. Na época, os andaimes usados no país
eram feitos em madeira, o que resultava em desmatamento e falta de segurança
aos trabalhadores. No mesmo ano de sua fundação, a Mills fecha a sua primeira
grande obra: a cúpula da Catedral da Sé, em São Paulo…”. Assim começa a
história da Mills em seu portal na internet.
Corta agora para a
revista Dinheiro de número 984, 14 de setembro de 2016, onde Cristian Nacht,
presidente do conselho de administração da empresa fundada por seu pai, concede
entrevista para Eduardo Valim: “Levamos meio século para chegar a um valor de
mercado de R$ 150 milhões, e apenas oito meses para subir para R$ 3,5 bilhões.”
Desde o início a
Mills pontificou pela sua competência em suprir as principais empreiteiras e
construtoras do país com seus equipamentos. Era, e ainda é, uma referência no
mercado imobiliário. Suas máquinas prestaram serviços em 10 dos 12 estádios da
Copa.
Fornecedores
fornecem. Se os fornecidos crescem e prosperam os fornecedores “surfam” na
onda. Não deveria ser assim, deveriam ser mais cautelosos, mas a tentação é
grande e resistir praticamente impossível. E como dizer-se não a um parceiro de
sempre e de todas as horas? E assim a Mills mergulhou na “onda bolha de
prosperidade” produzida a custa da irresponsabilidade fiscal e de um plano de
tomada do poder.
Na matéria,
Cristian Nacht descreve aquele momento: “Era uma montanha russa que só subia e
subia… até que chegou a hora da queda”.
Desde 2015, a
família luta para salvar a empresa. Com o cancelamento ou suspensão das obras
os equipamentos alugados pela Mills começaram a ser devolvidos. São mais de 6
mil máquinas pesando 120 mil toneladas que deixaram de produzir receitas,
paradas, e gerando despesas. Segundo Tomas Nacht, filho de Cristian descreve os
cenários que imaginaram: “Fazíamos análises com cenários bom, realista, ruim,
péssimo e terrível. O resultado veio pior que a previsão terrível”.
A crise será
superada. Com a contribuição de todos os cidadãos construiremos um NOVO BRASIL.
Mas sério, profissional, consistente, responsável. E, seguramente, a Mills
reencontrará seu melhor caminho. Ainda que para se salvar tenha tido que
sacrificar, como diz Cristian, todas as gorduras, depois a carne, e talvez
parte dos ossos. O time de 10 diretores foi reduzido a 5, vendeu sua unidade
industrial, demitiu mais de 800 pessoas, e substituiu parte da equipe de
executivos por profissionais com perfil mais adequado a chuvas, trovoadas,
tempestades e vendavais.
A Mills é apenas
uma. Uma de milhares. Que por não estar na linha de frente e por honrar os
serviços e as parcerias com seus clientes mergulhou junto no abismo. E que
agora, com coragem e generosidade, compartilha com todas as demais empresas sua
trágica experiência. Cristian finaliza a entrevista, afirmando, “A crise
serviu, pelo menos, para ser menos arrogante, e não achar que nasci para ser
bem-sucedido”.
Que a lição sirva
para todos nós. Que é insuficiente ser um país abençoado por Deus e bonito por
natureza. Assim continuará se não formos capazes de transformar esse
extraordinário ponto de partida e potencial, num país de verdade. Muito
especialmente, se não tivermos discernimento e sensibilidade para confiá-lo a
mãos hábeis, capazes e honestas.
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