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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Um Matuto Caminhante - Capítulo 2: Como tudo começou (Versão Preliminar)


CAPÍTULO 2


Igreja de Nossa Senhora da Conceição - Construída em 1772

COMO TUDO COMEÇOU 

          

                  Meu pai, Carlos Dantas Trigueiro, em primeira núpcias, casou com Maria Luiza Vilar e tiveram os seguintes filhos: Neide (in memoriam), Mário (in memoriam), Alberto (in memorian), Ilka, Selma, Norma (in memoriam) e Sônia. Para infelicidade de todos, Maria Luiza faleceu, durante o parto de  mais um filho.

            Superado o tremendo golpe, papai, então, casou com Leonor Meira Trigueiro, mamãe (Nonô), e, dessa nova união, vieram mais cinco filhos: Carlos, Fernando, Osvaldo, George e por ultimo Humberto.


A Família

                  Leonor, mamãe, jovem e muito bonita, inteligente e mimada, tomada de amor a primeira vista resolveu casar com um viúvo; com sete filhos para criar. Era o comentário de uma cidade pequena, onde todos se conheciam, não se falava em outra coisa do Jatobá ao São Sebastião; da Rua Grande ao Belo Horizonte e das Placas ao Mata-Burro: “A filha criada por Dona Tessa iria se casar com o professor viúvo”. O casamento deles foi no dia 23 de dezembro de 1944.


Vovó Tessa

Meus avós paternos eram: Manuel Sindou Henrique Trigueiro e Galdina Dantas Trigueiro; já os maternos foram Antônio Rangel Ferreira de Carvalho e Georgina Meira de Carvalho. Antônio e Georgina eram muito jovens quando contrairam núpcias e conceberam a primeira e única filha, Leonor, que viria a ser minha querida mãe.

Minha avó materna, Georgina, morreu durante o parto de Mamãe (Nonô). Naquele tempo era comum as mulheres gestantes morrerem durante o parto e, com raras exceções, o recem nascido sobrevivia, o que era considerado um milagre. Já o meu avô, Sr. Antônio Rangel Ferreira, morava no município de Piancó, distante 120 km de Patos.

Transtornado com o prematuro e trágico desaparecimento de sua amada esposa, Georgina, meu avô teve que recorrer de sua sogra Dona Tessa, para criar com todo amor e carinho, a sua neta, a pequena Leonor. No entanto, sempre que possível, ele visitava a filha em Patos.

Tessa nossa avó de coração,  biologicamente  era  a nossa bisavó. Mas, todos os bisnetos, a chamavam carinhosamente de vovó. Ela e sua filha, Amélia que, para mim, eu a chamava de mamãe e meus irmãs de  tia Amélia, eram mulheres fortes, sertanejas autênticas, corajosas e, sobretudo, humanas, pois, criaram com duplo amor minha mãe, Leonor, que eu chamava, repito, de “Nonô”.


Leonor e Amélia

Esse apelido, carinhoso, tem como origem, que minha mãe, Nonô, me teve muito jovem e, como não tinha experiência e, sua avó, Tessa e sua outra filha Amélia, moravam próximas de meus pais que sempre se socorriam delas. Passei a ser cuidado, mais por tia Amélia, que me deu muito amor e carinho. Um anjo da guarda nos meus primeiros passos. Daí eu chamá-la de Mamãe até hoje. Fui criado por Vovó (Tessa) e Mamãe (Amélia), aproximadamente até meus onze anos de idade.

Morava, também, conosco, Judith, pouco mais velha do que eu, com intimidade de irmã e muito amada por todos nós. Casou cedo com Lindmar Medeiros, também muito querido de todos.

Quando vovó faleceu, eu e Amélia, “mamãe" fomos morar com meus pais, no velho bangalô da Rua Pedro Firmino, 110, no centro de Patos. - Dessa forma, juntei-me aos demais irmãos, com excecão de minha irmã, Neide, filha mais velha do primeiro matrimônio de papai que, à época, já era casada com Roldão Caroca.

 Minha avó era proprietária de várias fazendas e muitas cabeças de gados, além, de cultivar algodão, o chamado ouro branco. Vivia muito bem e criou minha futura mãe, Leonor, em “berço de ouro”. Ela era descendente dos Meira Vasconcelos, família tradicional do sertão paraibano, cujo patriarca era o coronel Roldão Meira.  

 Mamãe, Leonor, começou e concluiu o primãrio, em Patos. Daí foi para Campina Grande, seguir nos estudos e lá concluiu o curso Normal no Colégio Imaculada da Conceição, mais conhecido como Colégio das Damas, onde só estudavam moças de boas famílias. Importante salientar que naquele tempo, não existiam faculdades em Campina Grande, muito menos em Patos.

   Viúvo e ainda jovem, meu avô não mais se casou, no papel como se dizia no sertão. Porém, gostava muito de mulheres, principalmente, daquelas de “vida fácil”. Um dia, uniu-se a uma delas e ficaram juntos até a sua morte.


Papai - Carlos Dantas Trigueiro

Tragédia! Contrariando o velho adágio, de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, um novo infortunio marcou a família. Certo dia, um mal-educado desrespeitou o meu avô injuriando sua amada companheira, de prostituta e outras aleivosias. Sertanejo do Vale do Piancó, “não levava desaforo pra casa”, ofendido, saiu em defesa de sua honra. Partiu para luta corporal e matou o desafeto, com várias facadas.

Papai, constituiu, para defesa do sogro, grandes advogados de Patos: os doutores Napoleão Nóbrega e Nereu Coelho. Temendo pela integridade física do meu avô, logo tomaram a iniciativa de requerer o desaforamento do Júri, para a Comarca de Patos, no que foram atendidos. Não deu outra. Meu avô foi absolvido por sete a zero. A partir daí, nunca mais ele veio a Patos. Só voltamos a vê-lo, no dia de seu sepultamento, em Piancó.

Todos os irmãos, independentemente da origem dos matrimônios de papai,  graças a Deus,  sempre se deram muito bem, vivendo em harmonia, um por todos e todos por um . A nossa união tem sido motivo de orgulho, visto que este fato raramente acontece  entre famílias constituídas mais de uma vez.


Papai e Nonô (Mamãe)

Na nossa casa, papai e Nonô, gostavam de comprar as novidades em eletrodomésticos e iguarias gastronômicas. Lembro-me muito bem da geladeira que funcionava com querosene marca Jacaré, o rádio Philco de válvulas e um televisor que foi um dos primeiros de Patos. Na gastronomia comprava o bacalhau, no Armazém de Zizi, com fins de ajudar pessoas de baixa renda. No entanto, todos nós apreciávamos.

Papai assinava o “Jornal do Commércio de Pernambuco”. O jornal chegava atrasado, no dia seguinte, pela “sopa”, ou seja, no ônibus que fazia a linha Patos – Recife. Todos nós gostávamos de ler o jornal. Até hoje sou acostumado a ler os jornais Correio da Paraíba, “Jornal do Commércio de Pernambuco”, só que, na atualidade, pela internet.

Mamãe (Amélia), bonita e cobiçada pelos jovens de Patos, preferiu ficar solteira e dedicou toda a sua vida à minha pessoa. Satisfazia todas as minhas necessidades e desejos tanto na infância quanto na adolescência, embora, desse também, atenção especial aos meus irmãos, principalmente, quando Humberto nasceu. A partir daí fiquei “no canto” como se dizia no sertão. Para mim foi uma pessoa extraordinária e sempre será lembrada com muita saudade e lembranças!

 Mamãe era proprietária da Escola de Datilografia Remington. Ela se mantinha da renda da escola e da ajuda de Nonô. Várias personalidades de Patos estudaram na instituição, como por exemplos, ex-governadores Ernany Sátiro e Dorgival Terceiro Neto; Alírio Meira Wanderley, grande excritor e jornalista, conhecido nacionalmente; prefeitos e vereadores de Patos e cidades vizinhas, médicos, advogados, engenheiros, e jovens que iriam prestar concurso para o Banco do Brasil, entre outros. Todos eles quando se encontravam comigo falavam do amor que Mamãe tinha por mim. Eu sempre ficava encantado com as narrações. Daí o meu eterno amor por ela.


Judith

No livro de Guarany Viana (in memoriam), “Memórias de Guarany: Engenheiros de 1964 – Jubileu de Ouro”, ele faz uma referência a Escola Remington, que descrevo a seguir: “Nas horas de folga dos estudos, por sugestão de Dr. Napoleão Nóbrega, amigo do meu pai, me matriculei na Escola Remington, dirigida pela Professora Leonor Meira Trigueiro, esposa de Carlos Dantas Trigueiro, do Cartório Trigueiro, com a finalidade de, desde cedo, obter uma alternativa profissional, que, no futuro pudesse vir a ajudar financeiramente meu pai, e por consequência, a manutenção minha e de nossa família. Segundo as professoras Amélia Meira e Judith Meira (sic), fui um dos alunos que mais rápido consegui o cobiçado Diploma de Datilográfo. Iniciei o curso em 25/05/1953 e fui diplomado em 25/07/1953. Sem dúvida a sugestão de Dr. Napoleão Nóbrega, foi benéfica e o Curso de Datilografia muito contribuiu para que eu seja o que sou hoje”.




Mamãe (Amélia) e o Autor


O Autor, Fernando, Osvaldo, George e Humberto

                  Já papai era de Canguaretama, Rio Grande do Norte. Logo cedo ele saiu para morar em Guarabira, cidade localizada no brejo paraibano e, começou a vida como professor.  

       Depois foi nomeado Tabelião do Cartório de Registro de Imóveis e Notarial na cidade de Patos. Era uma pessoa letrada e tinha uma capacidade de liderança e de fazer amigos. Até hoje, na cidade de Patos, existe o Cartório Carlos Trigueiro que após a aposentadoria de Papai, Nonô assumiu o tabelionato e hoje, o Tabelião é o meu irmão Fernando.

Cartório "Carlos Trigueiro" - Registro de Imóveis e Notarial em Patos

2.2. Da minha infância ao início da fase adulta


A minha infância foi como a de toda criança que tinha alguma posse numa cidade do sertão da Paraíba. Estudei nos melhores colégios, tinha aulas particulares de reforço escolar, de música etc. Nossas brincadeiras eram saudáveis: jogar bola de gude, bola de meia, barra a barra, andar de patinete, soltar pipa ou papagaio como chamavámos na época, jogar ioiô, puxar carrinhos de lata, cavalgar em cavalo de pau e atirar de baladeira; já na fase de adolescente tomar banho no rio Espinharas, frequentar as festas nas casas dos amigos e nos clubes de Patos - Tenis Clube, AABB, Clube Campestre e na boate do Hotel JK.

Quando o bigode começou a aparecer, nos fins  de semana em que não tinha festas para ir, os jovens da época, visitavam  segundo  o  Santo Padre, o mundo profano de Patos, em busca de um bom drink, música ao vivo,  aprender a dançar, e assistir shows de gafieira, no cabaré de Elpídio, a famosa Boite Espinharas, na rua Beltrano de Azevedo, localizada perto da Estação do Trem.

Jogavamos muito futebol. Eu mesmo, cheguei a jogar no Botafogo de Maurílio Costa, no Bangú de Binda e no aspirante do Nacional Futebol Clube. Nesse último clube, fui também um dos fundadores, bem como diretor de patrimônio do Nacional de Patos.


Bangú de Binda


Botafogo de Maurílio


Um fato inusitado aconteceu comigo e o amigo Bosco Queiroga, filho do Senhor Murilo Leite e Dona Dondon. Nós éramos jogadores do Botafogo de Maurílio e o time foi convidado para jogar em Pombal, cidade distante cerca de 60 Km de Patos. Passamos a semana nos preparando para esse grande jogo. Nunca tinhámos jogado fora da cidade. Compramos chuteiras, meias e camisas. Treinamos bastante. Seria uma grande experiência! Acontece que Mamãe e Dona Dondon, mãe de Bosco, na hora do embarque, não nos deixaram entrar na “Sopa”, ônibus, pois alegaram que nós não poderíamos ir com os nossos colegas, Geraldo de Fina, Mané Mané, Zaqueu, Veludo entre outros, pois eles poderiam influenciar de forma negativa a gente e, por consequência, poderíamos perder o gosto pelos estudos. Foi uma grande decepcão. Choramos muito mas, não fomos para Pombal. Na época foi dificil aceitar aquela decisão materna, mas hoje sabemos o quanto foi acertada, aliáis, mãe não erra, quando muito, se engana. Hoje, sorrimos quando recordamos.


A famosa "Sopa" 

Homenagem a Seleção Brasileira de 1958

                  Eu era assinante da Revista dos Esportes uma publicação que tratava dos principais clubes cariocas e paulistas. Apesar de ser torcedor do Flamengo gostava muito do goleiro do Fluminense - Castilho. Começei a estudar os treinamentos dele. Como eu tinha um amigo, o Nego Veludo, que tinha uma vocação para o futebol e uma vontade ferrenha de um dia jogar num clube profissional, aproveitei para por em prática, já então, de ensinar e começei a treinar Nego Veludo no campo da Cica que ficava em frente a minha casa na Avenida Pedro Firmino.

           Quando Veludo terminava seu trabalho como sapateiro ia para o campo para eu treiná-lo. Pois bem, Veludo chegou a jogar no Campinense Clube e conseguiu o título de tri-campeão pelo Campinense. Certo dia recebo uma carta dele me agradecendo! Fiquei bastante emocionado.

         Também jogava voleibol meu segundo esporte. Nosso treinador e membro da equipe era Chicão Queiroz, ex-atleta do Sport e da Seleção Pernambucana de Voleibol. Era um craque e passava todos os macetes para os membros da equipe. Nosso time fazia muitas excursões para as cidades vizinhas, a exemplo de: Caicó, Malta, Campina Grande, Souza, Cajazeiras. Nunca perdemos um jogo com os times dessas cidades. Dos ensinamentos de Chicão e de nossa participação como levantador da equipe, cheguei a ser treinador da equipe feminina do Colégio Cristo Rei, onde fiz várias amizades, entre elas, destaco Cacilda Marques e Yvone Barros, alunas internas e oriundas de São José da Lagoa Tapada e Coremas.

          Outra diversão que eu gostava muito era frequentar o cinema Eldorado do saudoso Agripino Cavalcanti e Joaquim Araújo. Quase todas as noites ia ao cinema. Papai, na cidade, representava os direitos autorais, além de ser muito amigo e vizinho do Sr. Joaquim. Assim, eu e meus irmãos tinhamos entrada gratuita. Gostávamos tanto de cinema, que ganhamos de papai uma máquima Super 8. Hoje, pertenço a Academia Paraibana de Cinema (APC), ocupando a Cadeira 48, cujo patrono é o Sr. Agripino Cavalcanti.

             Eu e os meus irmãos tivemos uma infância feliz e cheia de amigos que ainda hoje conservamos. Apesar, dado o tempo, do risco de alguma omissão involuntária, cito: Olivan Xavier, Dinaldo, Ermano, Vernaide e Yone Wanderey; Abimar, David (mudo e surdo) e Safira, Beto e Iran Carneiro; Roberto, Ronaldo, Glória, Gláucia e Ruy Pontes; Clarindo e Juventude Carneiro; Eriberto, Erilamar, Erilene e Érico Araújo; Ritalmo, Hélio, Múcio e Dario Moura; Chiquinho, Homero e Marquinho Torres; Florêncio, Artur e Tadeu Medeiros; João Dumbo; Garibaldi Soares; Everaldo e Cecília Carneiro; Antônio Picolé; Carlos Paulista; Francisco José e Fred Tavares; Gláucia, Glória e Everaldo Pimentel; Nego Avestruz; Toinho Cavalcanti; Dão e Marcos Nogueira; José Augusto Longo; Saulo e Marconi Queiroz, Edleuzo Franca; Nego Bastos; Adonildo Marques; José e João Eulâmpio; Marquinho Meira; Maurílio, Maruzia, Mariucha e Marcelo Costa; Inácio, Socorro Dada e Irenaldo Xavier; Janduy e Jamacy Ribeiro; Severino Amorim; Netovick, Zoya e Mayrua Maia; Antônio e José Serpa; João, Risonete e Risomar Martins; Humberto Fernandes; Ivo, Itamar, Irio e Iram Nóbrega; Edson e Edalmo Galinho; Zaqueu; Enaldo Torres; Bié e Bosco Queiroga; Fano e Nito Quintães; Jarbas e Peron Borges; Edmilson e Ronaldo Motta, Fubica; Nego Veludo; Alírio Trindade; Rebeca, João Furtado e Ricardo Furtado; Marialba Gadelha; José Carlos e Janeusa Sedrin; Saulo e Sávio Parente; Pedro Firmino, Idalina, Violeta e Paulo Antonio Gayoso; Edmundo da Barraca; Getúlio Cavalcanti, Evandro, Edvaldo e Everaldo Nóbrega; Bruno, Lauro, Tereza e Telma Queiroz; Paulo Romero, Selma e Ana Lúcia Cruz, Romero e Yara Carmem Nóbrega; Getúlio Cavalcanti, Ana Lúcia e Selma Cruz; Nego Djalma; Carlos Gomes, Mané Mané; Saulo Queiroz; Durval e Durvalina Travassos; Inaldo Fernandes; José Lima, Ana Maria e Paula Lima; Carlos Candeia; Valdo Emerson, Arnaldo, Zé vasconcelos, Eronaldo e Wilma Maia e os primos, Ethio, Eunício, Graça, Socorrinho, Sérgio e Lúcio Meira Santos.


João Furtado, Hélio Moura e o Autor


      Modéstia à parte. Sempre fui criativo. Apesar de ter uma formação como Bacharel em Estatística e mestrado em Engenharia de Produção, dediquei as últimas três décadas a área de Gestão de Negócios, Marketing e Pesquisas.

    Quando criança, eu e dois amigos, Garibaldi Soares e Bruno Queiroz desenvolvemos alguns eventos avançados para época. 

   Com Garibaldi construímos uma cidade com todas suas características urbanas -  ruas, iluminação mediante baterias e lâmpadas de lanterna, edifícios, hospitais, represa d’água, delegacia de polícia, cadeia publica etc. Importante ressaltar que os fios de cobre foram fornecidos por Érico Araújo filho, do Sr. Joaquim que além de dono do cinema era excelente eletrotécnico.

       Quando um circo chegava em Patos era uma alegria para nós. Então, eu e Garibaldi, que erámos alucinados pelos circos, inventamos um em miniatura, com todas suas características estruturais. Desde a lona com raio de um metro e meio; cadeiras e poleiros; jaulas; trapézios, camarins; palcos para apresentação dos shows e orquestras; picadeiros etc. Réplica perfeita do Circo Nerino. O circo foi armado no quintal da casa do avô de Garibaldi, Senhor João Soares.

    Gostava também de fazer cenários para as peças teatrais que seriam apresentadas no circo. Garibaldi escrevia os roteiros das peças e eu desenhava os cenários. O público era representado por bonecos. Na verdade erámos os únicos expectadores.

       Com Bruno inventamos um foquete que deveria subir pelo menos uns 20 metros de altura. Tudo foi preparado cientificamente. Fizemos cálculos de matemática e fisica, equações de químicas e de geometria. Dosagem de pólvoras etc. Fizemos o experimento no terreno que pertencia ao pai de Bruno, Dr. Lauro Queiroz. Pois bem, o foguete na primeira tentativa explodiu, quase ocasionando um sério acidente.

      Na segunda tentativa, conseguimos nosso objetivo. O foguete alcaçou, segundo os nossos cálculos, uns 30 metros de altura. Levamos o experimento para sala de aula no Colegio Diocesano de Patos, onde cursavámos o Ginasial. Um sucesso!

    Tinha, ainda, um amigo, Edmundo, o Pacoti, homem esforçado e determinado, que possuia uma barraca localizada entre o Grupo Escolar Rio Branco e a sorveteria, Sorvelanche. Tanto é assim, que lhe dei a ideia  de diversificar os produtos de venda e, sobretudo, comunicar aos seus cliente, inclusive com promoções diárias. Chegando a progredir tanto na vida que concluiu o curso de Engenharia Civil. 

         A nossa casa era uma festa. Papai e Nonô gostavam tanto de receber, amigos, como de frequentar suas casas. Nos sábados íamos para a Sorveteria de Souto Maior. Eu e meus irmãos tomavámos guaraná com ovos cozidos. Já Papai, tomava cerveja, sempre acompanhado de vários amigos, entre outros: Dr. Francisco Soares; Dr. Dioníso Costa; os irmãos Bar e Dr. Walter Aires; Dr. Nabor Wanderley; Souto Maior, o proprietário; Dr. Walter Arcoverde; Dr. Neó Tratano; Otávio Xavier; Arnaldo Diniz; Aluízio Bocão; Sr. Severiano Maia; Dr. Pedro Aurélio; Dr. Paulo Gayoso, Dr. Firmino Gayoso e Deputado José Gayoso; os genros Roldão Caroca casado com Neide, Beca Palmeira casado com Ilka, Petrônio Lucena casado com Sônia, e Lindmar Medeiros casado com Judith, também considerado genro. Mário e Alberto meus irmãos maiores também acompanhavam na cervejada.


2.3. Carnaval em Patos


                                                            Carnaval no Patos Tênis Clube


                                                                Carnaval na AABB


                                                                Mela/Mela na AABB

                                    Antigo corno carnavalesco nas ruas de Patos

                  Desses encontros, surgiu o Bloco Sacarolha. Foi o primeiro bloco de rua da cidade de Patos. Nos domingos e terças-feiras de Carnaval o bloco saía visitando as casas dos amigos, acompanhado de uma orquestra de frevo, cujo maestro, era Edson Morais, também da turma, que era um excelente tocador trombone de vara. O bloco foi referência para criação de outros blocos carnavalescos e escolas de samba. Tanto foi assim, que surgiu também o Bloco dos Garotos, a maioria filhos dos membros do Bloco Sacarolha


Bloco Sacarolha


Bloco Sacarolha


Bloco Sacarolha

                  

O Bloco dos Garotos saía aos domingos e segundas-feiras de carnaval. Era composto dos meus irmãos e de nossos amigos. Eu era o porta bandeira e Olivan Xavier o chefe da bateria. Saíamos visitando as casa dos amigos, tudo regado a sucos, guaranás, coca-cola, sanduíches etc. Mas, no fim das visitas tinha uma turma que sempre conseguia um litro de rum. Aí, a festa terminava numa bebedeira. Vale salientar que tinhámos um observador, Tutu, que era funcionário da Vovó Tessa. o qual ficou com nossa família até sua morte. Era uma espécie de segurança do bloco. Tinha muita paciência e, no final, deixava a gente tomar o rum, sem nunca denunciar aos nossos pais.

Bloco dos Garotos

Bloco dos Garotos

Bloco dos Garotos

Tenho grandes recordações de Patos. Pelos menos uma vez por ano visitava a cidade. Mas, o tempo vai ficando curto e faz, infelizmente, alguns anos que não voltei a minha cidade natal. Atualmente, moram em Patos meu irmão Fernando e minha irmã Sônia e alguns sobrinhos. 


2.4. Fazenda Campo Comprido


Não esqueço, os bons momentos que passei na Fazenda Campo Comprido, onde moravam, Tia Sindá, Tio Chiquinho, seu filho Odílio Meira Wanderley, meu padrinho de crisma, e os filhos deste: Vlademir, Socorro, Hugo e Vanildo, como também o primo - Sandro Meira, este último filho do garnde jornalista e poeta, Alírio Meira Wanderley. Desse convívio fizemos uma amizade fraternal que dura até os dias atuais.


Vovó Tessa e familiares

2.5. Dos estudos 


Fiz o exame de admissão, uma espécie de vestibular na época, para ingressar no antigo curso Ginasial, atualmente Fundamental II. Estudei  na melhor escola particularar de Patos dirigida pelas dignissimas professoras professoras Dona Maria Ester e Dona Terezinha Fernandes, irmães de Flávio Sátiro e filhas do senhor Sebastião Fernandes, a quem respeitosamente o chamavamos de Barão. Era um grupo pequeno e selecionado, formado pelos colegas: Olivan Xavier, Francisco José Tavares, Netovitch Maia, Garibaldi Soares, Rejane Pereira e Vernaide Wanderley. Uma eterna competição, muito trabalhos para casa, e premiação para as três melhores notas. Foi importante esse curso pois, sem percebermos as dedicadas mestres estavam nos preparando e testando para o mundo que tínhamos pela frente. Naturalmente que passamos na prova de admissão e ingressamos no Colégio Diocesano de Patos, atual Colégio Estadual.



                                                Colégio Diocesano de Patos 

O diretor do Colégio Diocesano de Patos era o Monsenhor Vieira - austero, disciplinador, culto e muito religioso. Tive como professores a pleiade dos melhores educadores que a Paraíba possuía a época: Padre Acácio; Pe. Assis (inspetor de Ensino); Pe. Conceição (português, que apelidamos burrico) , professor Messias, Bacharel em Direito, pela Faculdade de Caruaru, Pernambuco, tornando-se um dos melhores advogados da Paraíba; professor Oliveira (vascaíno de morrer); professora Euzari Aires; professor Nias Gadelha; professor “Goiabeira”; professora Lina Cavalcanti; professor Durval Fernandes e professor Euclides Brito, entre outros. 


2.6. Tiro de Guerra 152


Completado meus 18 anos ingressei  no servico militar obrigatório, no no Tiro de Guerra 157, sob o comando do Sargento Nélio. Fiz ótimas amizades e aprendi muito.


                                        Tiro de Guerra 152 em Patos

Durante minha estada no Exército cursei a primeira série do curso Científico no Colégio Estadual de Patos, a partir daí fui para o Recife, cursar às duas últimas séries. 

15 comentários:

  1. 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏

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  2. Eita Carlos, revivi os áureos tempos de nossa mocidade. Somos privilegiados por termos vivido nesta época. Amei.

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  3. Estou hospitalizada na uti, coloquei marca passo, mas estou bem. Terei alta hj, recebi agora visita de George fiquei muito grata. Na madrugada li os capítulos do livro, muito interessante a leitura, e p nós Patoense relembra pessoas q fizeram parte da nossa história. Parabéns
    Jeanne Crisanto.

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    1. Melhoras e recuperação rápida. Abraço.

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  4. Li e gostei muito de todos os assuntos que você mencionou e me fez lembrar dos nossos conterrâneos e queridos!!!

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  5. Prezado Carlos,
    Acabei agora de ler o Capítulo 2. Gostei. Li tranquilo, correndo a leitura sem interrupções.
    Há que ser feita uma revisão para corrigir algumas falhas que a Escola de Datilografia não deixaria passar.
    Achei que ajudaria a compreensão do leitor que não vivenciou o ambiente se houvesse uma pequena árvore genealógica da sua família. É muita gente, e o leitor fica um pouco perdido para posicionar cada um dos parentes.
    Achei, também, que poderia haver um pouco mais de fotos, apesar de já estar bem ilustrado. Eu, pelo menos, como não conhecedor do ambiente fiquei curioso. Foto do Rio Espingaras, por exemplo, ou da Fazenda, iriam muito bem, não descaracterizando o texto.
    Logo chegarei ao Capítulo 3.
    Abraço.
    Aloísio Lina.

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