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segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Um Matuto Caminhante: Prólogo (Versão Preliminar)


PRÓLOGO




“No fundo, todos nós temos necessidades de dizer quem somos e o que é que estamos a fazer e a necessidade de deixar algo feito, porque esta vida não é eterna. E deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade.”

José Saramago.

 

Uma parábola árabe diz que se duas pessoas se encontrarem carregando um pão e conversarem por algum tempo, na despedida, cada uma levará um pão. Mas se carregarem uma ideia, sairão pelo menos com duas ou mais ideias.

Pois bem, conversando com meu amigo fraternal Garibaldi Soares, de como a vida é passageira, que nada é perpétuo e tudo é mutante e que, muitos dos nossos entes queridos já se foram, bem como nós só somos o que somos e chegamos, aonde chegamos, devido a essa teia de aranha, construída nas ramificações da família e dos amigos.

Como forma de gratidão, antes que o implacável tempo apague da minha memória, arquivos vivos que são a razão do meu ser e da minha caminhada, sem nenhuma pretensão literária resolvi deixar registrado nesse compêndio, a minha origem familiar; os meus amigos, que direta ou indiretamente participaram e ainda participam da minha existência, neste paraíso criado por Deus para os homens de boa vontade.

Quantas vezes, ao perder o sono, na madrugada, voltava aos braços das minhas mães - mamãe “Nonô” e mamãe “tia Amélia” - vagando no pensamento sentia-me viajando de volta ao passado, com o cuidado de só ver, no meu “retrovisor”, as passagens alegres.

Como disse Antoine de Saint Exupéry – “Cada um que passa em nossa vida, leva um pouco de nós mesmos, e deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, e há os que deixam muito, mas não há os que não deixam nada...!”

Pois bem, não pretendo ser dono da verdade nem da história, isso porque muitos dos que participaram das cenas aqui descritas estão vivos, só eles podem fazer um juízo sobre este difícil trabalho de abrir o “eu” para o público. Teria, na verdade, muitos outros fatos e/ou acontecimentos que vivi nesses mais de setenta e tantos anos, e chega um momento que você tem que parar para não se tornar enfadonho. 

Escrever um livro pode ser sobre muitas coisas. Claro, trata-se de pensar sobre nossas intenções, humores, esperanças, vivências e sonhos. Mas é também, uma oportunidade de refletir sobre o nosso passado e expectativas de futuro, além, de melhorarmos o nosso presente, in casu, uma autobiografia. Sem reflexão não há movimento e ficamos passiveis de repetirmos os mesmos erros.

Depois de estabelecer o que seria prioritário e importante na composição deste relato, decidi recortar os meus acervos documentais publicados em periódicos, jornais, semanários, juntamente com fotografias, resquícios, que provam os meus passos na minha já longa caminhada e montar esse mosaico, desenho da minha vida durante essas sete décadas.

 

O Autor.

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